Aqui nos reunimos para falar de Teologia de forma simples. Somos cervos do Senhor, logo toda Honra, Glória e Poder sejam à Ele. Participe!
Prof. Elpidio Affonso

- TEOLGIA PARA TODOS
- Araruama, Rio de Janeiro, Brazil
- FORMAÇÃO ACADÊMICA: FORMADO NO CURSO NORMAL, ATUAL FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE 1A. A 4A. SÉRIES - GRADUADO EM PEDAGOGIA PELA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO – RJ – BACHAREL EM TEOLOGIA COM ÊNFASE NA OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL DAS ANOMALIAS E DOS DISTÚRBIOS DO CARÁTER. CURSO PARA COORDENADORES PEDAGÓGICOS SME – MEC – FNDE – PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – DEPARTAMENTO GERAL DE EDUCAÇÃO – DIRETORIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL – FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – PROJETO MULTIEDUCAÇÃO – PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO DE FORMAÇÃO INTEGRADA EM PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS DO CEJUR – CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS/MP – VII ENCONTRO PARA EDUCADORES DO GRUPO DE ESTUDOS E CONSULTÓRIOS DE FONOAUDIOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE MARIÂNGELA STAMPA – INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM. – PÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA SUPERIOR PELA FACULDADES SIMONSEM. DIREITO EM ANDAMENTO PELA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES-RJ. Membro Fundador da ABTL Academia Brasileira Teológica de Letras e da ALCAM - Academia de Letras, Ciências e Artes Anna Amélia
AMIGOS DA TEOLOGIA
segunda-feira, 18 de abril de 2011
CURIOSIDADES DA HISTÓRIA DA IGREJA
Estaremos fazendo uma sequência de publicações sobre a história da igreja. Aguarde.
sábado, 16 de abril de 2011
EXEGESE
EXEGESE
ELPIDIO BARROS AFFONSO
“Digo a Deus e aos homens: Aquilo que não sei, Tu me ensinas!
John Wesley, 1747
INDICE Pág.
EXEGESE 7
HOMILÉTICA 8
EXEGESE 10
COMPARAÇÕES, PARABOLAS, ALEGORIAS E FÁBULAS 11
MANUSCRITOS DA BÍBLIA 12
A LINGUAGEM BEM DEFINIDA DA BÍBLIA
OBSERVAMOS OS VÁRIOS MOMENTOS 32
COMO SE FAZ EXEGESE 39
DIACRONIA 40
CRITICA DA CONSTRUÇÃO DO TEXTO 43
CRITICA DA REDAÇÃO 47
EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 49
SALMOS 61
EXEGESE DO NOVO TESTAMENTO 65
OS DOCUMENTOS DO NOVO TESTAMENTO 65
CRITICA LITERÁRIA 69
CRITICA DA TRADIÇÃO 70
PESQUISA HISTÓRIA 72
ATOS 74
AS CARTAS DE PAULO 76
A PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO 80
POLÊMICA E APOLOGIA 85
CRITICA DA TRADIÇÃO 86
CONSIDERAÇOES FINAIS 88
REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS 89
EXEGESE
É o estudo cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o significado original que foi pretendido. É a tentativa de interpretar conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; de tentar descobrir qual era a intenção original das palavras da Bíblia.
Exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado. A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.
HERMENÊUTICA
Consiste num conjunto de regras que permitem determinar o sentido literal do objeto de estudo, no caso, a Bíblia.
Hermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos escritos. A palavra deriva do nome do deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuíam a origem da linguagem e da escrita e considerado o patrono da comunicação e do entendimento humano.
O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Alguns defendem que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega Hermes. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da Bíblia. Spinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.
Outros dizem que o termo "Hermenêutica" deriva do grego "ermēneutikē" que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos poéticos ou religiosos, especialmente da Ilíada e da "Odisséia"; "interpretação" do sentido das palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.
Hermes é tido como patrono da hermenêutica por ser considerado patrono da comunicação e do entendimento humano; Paul Ricoeur visa superar esta dicotomia. Para ele, compreender um texto é encadear um novo discurso no discurso do texto. Isto supõe que o texto seja aberto. Ler é apropriar-se do sentido do texto. De um lado não há reflexão sem meditação sobre os signos; do outro, não há explicação sem a compreensão do mundo e de si mesmo.
HOMILÉTICA
A Homilética é ciência que ensina como preparar e comunicar sermões, a arte de pregar. A Homilética é um instrumento que ajuda o pregado a organizar os pensamentos de tal forma que facilita a exposição do sermão, porém de forma alguma anulará a inspiração do Espírito Santo. A preleção nos possibilita diferentes formas e possibilidades de elocução Homilética. Ela envolve toda a pregação e a liturgia do culto. "O conhecimento da forma ao corpo do sermão, enquanto que a unção do Espírito é a vida deste corpo" II Pe 3.18.
A palavra Homilética vem do grego, "homiletike", e significa ensino, conversa assim nos dias apostólicos a pregação cristã era feita nas casas em forma de conversação.
É preciso atentar que pregar não é apenas fazer discurso, mas é falar em nome daquele que nos enviou – Deus I Co 1.21; Is 52.7; Rm 10.15. O conceito bíblico de pregação é o anuncio das Boas Novas do Evangelho. Para a proclamação do kerigma, isto é, da mensagem que deve ser obtida na dependência do Espírito Santo, sabendo-se que, quem prega fala da parte de Deus. Outra questão relevante refere-se à vida do pregador. Aquele que prega necessita que sua vida seja coerente com aquilo que ele fala. Segundo Josué Gonçalves "VIVER PREGANDO E PREGAR VIVENDO", as nossas atitudes dizem muito mais que nossas palavras. A credibilidade e a autoridade do pregador esta no viver o que prega e isto significa que primeiro a mensagem fez efeito na nossa vida e podemos falar com convicção, ser testemunha, oferecer algo provado e aprovado, caso contrário corremos o risco de agir com hipocrisia. Por exemplo, um pregador ministra sobre harmonia familiar e a palavra não condiz com sua vida prática, corre o risco de ser desacreditado.
Além disso, para ser bem sucedido neste ministério é preciso ser chamado por Deus, isto é, vocacionado para esta obra Ef 4.11 "Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres". Todos os salvos foram chamados com uma vocação, porém existe a chamada especifica. Para ser um bom obreiro é preciso compreender sua chamada e a sua vocação.
Em resumo: a) É o estudo dos fundamentos e princípios de como preparar e proferir sermões. b) É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão. c) É a arte do preparo e pregação de sermões.
EXEGESE
É a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado.
A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.
Por isso, o termo exegese significa, como interpretação, revelar o sentido de algo ligado ao mundo do humano, mas a prática se orientou no sentido de reservar a palavra para a interpretação dos textos bíblicos.
Exegese, portanto, é a denominação que se confere à interpretação das Sagradas Escrituras desde o século II da Era Cristã. Orígenes, cristão egípcio que escreveu nada menos que 600 obras, defendia a interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam, nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo. O termo exegese restou ligado à interpretação alegórica, ensejando abusos de interpretação, a ponto de alguns autores afirmarem, ironicamente, que a Bíblia seria um livro onde cada qual procura o que deseja e sempre encontra o que procura.
Ser exegeta é aplicar o texto no contexto cultural da época do texto lido e extrair os princípios morais e culturais para o tempo presente.
COMPARAÇÕES, PARABOLAS, ALEGORIAS E FÁBULAS
É um grupo de frases atribuídas a Jesus em seus discursos.
COMPARAÇÃO PARÁBOLA ALEGORIA FÁBULA
* Pode ser uma única frase *É uma comparação
Desenvolvida em forma *Também é uma comparação *É uma frase ou uma
de história. ampliada da história História.
* Cada imagem mantém
seu significado próprio * Seu sentido não está
em cada elemento. *Cada Elemento perde
Seu significado *Os personagens são
o sentido esta no todo. original e torna-se animais ou plantas, com um significado
simbólico; ou seja,
o sentido está em nitidamente
cada elemento. simbólico
*Trata-se de um fato
comum, acontece sempre, *Narra-se em fato
particular, não * O fato narrado não
Tomado como exemplar rotineiro, mas verossímil. necessariamente é
Verossímil.
*Muitas parábolas
começam com uma * Não utiliza a fórmula
de comparação
fórmula de comparação: ("como") e sim a
Cópola ("e"). ("são")
"é como" "...é semelhante" fazendo com que
seu significado se
torne quase
metafísico.
* Quer persuadir, isto
é atingir a vontade, * Quer convencer,
isto é, atingir *Quer mais atingir os
e levar a platéia a a inteligência, e sentimentos e a sua
comparar a sua própria
situação transmitir um ensinamento. finalidade é a instrução,
com o narrado. a critica ou a sátira.
Pv. 10.26, 26.1; Ec 7.6; Lc 8.16 2 Sm 12.1-4; Is 5.1-7;
Lc 15.4-7 Ec 12.1-7; Mc 12.1-11; Jz 9.8-15; 2 Rs 14.9
Mt 13.3-9 Mt 13.24-30, 36-43.
MANUSCRITOS DA BÍBLIA
As Escrituras Sagradas têm origem sobre-humana no que se refere ao conteúdo, mas têm uma história humana no que se refere à sua escrita e preservação. Moisés começou a compilação delas sob inspiração divina em 1513 a.C, e o apóstolo João escreveu a parte final mais de 1.600 anos depois. A Bíblia, originalmente, não era um só livro, mas, com o passar do tempo, surgiu uma demanda de cópias dos seus diversos livros. Por exemplo, era assim depois do exílio babilônico, porque nem todos os judeus libertos retornaram à terra de Judá. Antes, muitos se estabeleceram em outros lugares, e no vasto território da resultante Diáspora (Dispersão) judaica surgiram sinagogas. Escribas prepararam cópias das Escrituras, necessitadas por essas sinagogas em que os judeus se reuniam para ouvir a leitura da Palavra de Deus. (At 15.21 Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o preguem, e cada sábado é lido nas sinagogas.) Em tempos posteriores, entre os seguidores de Cristo, copistas conscienciosos labutaram para reproduzir os escritos inspirados em benefício das congregações cristãs que se multiplicavam, para que houvesse um intercâmbio e uma circulação geral deles. — Cl 4.16 Depois que for lida esta carta entre vós, fazei que o seja também na igreja dos laodicenses; e a de Laodicéia lede-a vós também..
Antes de se tornar comum a impressão com tipos móveis (a partir do século 15 d.C.), os escritos originais da Bíblia e também as cópias eram feitos a mão. Por isso são chamados de manuscritos (do latim: manu scriptus, “escritos a mão”). O manuscrito bíblico é uma cópia das Escrituras, inteiras ou em parte, feita a mão, distinta de uma cópia impressa. Os manuscritos bíblicos foram preparados principalmente na forma de rolos e de códices1.
MATERIAIS
Há manuscritos em couro, papiro e velino das Escrituras. O famoso Rolo do Mar Morto de Isaías, por exemplo, é um rolo de couro. O papiro, um tipo de papel feito das fibras duma planta aquática e foi usado para manuscritos bíblicos nas línguas originais e traduções dos mesmos até por volta do quarto século d.C. Naquele tempo, seu uso para manuscritos bíblicos passou a ser suplantado pelo uso do velino2, um pergaminho fino, em geral feito de pele de bezerro, cordeirinho ou cabra, um aperfeiçoamento do uso anterior de peles de animais como material de escrita. Manuscritos tais como o famoso Codex Sinaiticus (Manuscrito Sinaítico) e o Codex Vaticanus (Manuscrito Vaticano N.° 1209), do quarto século d.C., são códices em pergaminho, ou velino.
Palimpsesto (lat.: palimpsestus; gr.: pa•lím•pse•stos, que significa “raspado novamente”) é o manuscrito do qual se apagou ou raspou a escrita anterior para possibilitar uma nova escrita. Um famoso palimpsesto bíblico é o Codex Ephraemi Syri rescriptus do quinto século d.C. Caso a escrita anterior (a escrita raspada) seja a importante no palimpsesto, freqüentemente os peritos conseguem ler esta escrita apagada por recorrer a meios técnicos, que incluem o uso de reagentes químicos e fotografia. Alguns manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs são lecionários (Livro que contém as lições ou leituras inscritas no ofício divino), leituras bíblicas escolhidas para uso em serviços religiosos.
ESTILOS DE ESCRITA
Os manuscritos bíblicos escritos em grego (quer traduções das Escrituras Hebraicas, quer cópias das Escrituras Gregas Cristãs, ou ambas) podem ser divididos, ou classificados, segundo o estilo de escrita, o que ajuda também a datá-los. O estilo mais antigo (empregado especialmente até o nono século EC) é o manuscrito uncial, escrito em grandes letras maiúsculas, separadas. Nele não costuma haver separação de palavras, e faltam pontuação e acentos. O Códice Sinaítico é tal manuscrito uncial3. Mudanças no estilo de escrita começaram a surgir no sexto século, o que eventualmente levou (no nono século d.C) ao manuscrito cursivo, ou em minúsculas, escrito em letras menores, muitas delas emendadas num estilo de escrita corrente ou fluente. A maioria dos manuscritos existentes das Escrituras Gregas Cristãs tem escrita cursiva. Os manuscritos cursivos permaneceram em voga até a invenção da imprensa.
COPISTAS
Tanto quanto se sabe hoje, não existe mais nenhum manuscrito original, ou autógrafo. Todavia, a Bíblia tem sido preservada em forma exata, fidedigna, porque os copistas bíblicos, em geral, por aceitarem as Escrituras como divinamente inspiradas, procuravam a perfeição no seu trabalho árduo de produzir cópias manuscritas da Palavra de Deus.
1 – códice - [Do lat. codice.] E. Ling. Forma característica do manuscrito em pergaminho, semelhante à do livro moderno, e assim denominada por oposição à forma do rolo.
2 – velino - [Do fr. vélin.] - 1.Pergaminho fino, preparado com a pele de animais recém-nascidos ou natimortos.
Os homens que copiavam as Escrituras Hebraicas nos dias do ministério de Jesus Cristo na terra, e durante séculos antes daquele tempo, eram chamados de escribas (hebr.: soh•ferím). Entre os primitivos escribas estava Esdras, mencionado nas Escrituras como “copista destro”. (Ed 7. 6 ...este Esdras subiu de Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus de Israel tinha dado; e segundo a mão de Senhor seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.)
Escribas posteriores fizeram algumas alterações deliberadas no texto hebraico. Mas os escribas que os sucederam, os massoretas, as descobriram e registraram na Massorá4, ou nas notas nas margens do texto hebraico, massorético, que produziram.
Os copistas das Escrituras Gregas Cristãs também fizeram sérios esforços para reproduzir com fidelidade o texto das Escrituras.
QUE GARANTIA HÁ DE QUE A BÍBLIA NÃO FOI ALTERADA?
Apesar do cuidado dos copistas dos manuscritos da Bíblia, introduziram-se no texto alguns pequenos erros e alterações de escribas. Em geral, são insignificantes e não alteram a integridade geral da Bíblia. Foram descobertos e corrigidos por meio de cuidadosa colação erudita ou comparação crítica dos muitos manuscritos e versões antigos existentes. O estudo crítico do texto hebraico das Escrituras começou perto do fim do século 18. Benjamin Kennicott publicou em Oxford (em 1776-1780) o texto de mais de 600 manuscritos hebraicos, massoréticos, e o perito italiano Giambernardo de Rossi publicou em Parma as comparações de 731 manuscritos, entre 1784 e 1798. Textos padrões das Escrituras Hebraicas foram também produzidos pelo perito alemão Baer, e, mais recentemente, por C. D. Ginsburg. Rudolf Kittel, hebraísta, lançou em 1906 a primeira edição da sua Biblia Hebraica, fornecendo nela um estudo textual por meio de notas de rodapé, que comparam muitos manuscritos hebraicos do texto massorético. O texto básico usado por ele foi o texto de Ben Chayyim. Mas, quando os mais antigos e superiores textos massoréticos de Ben Asher se tornaram disponíveis, Kittel empreendeu a produção de uma terceira edição, inteiramente nova, que após a sua morte foi completada por seus colegas.
As 7.a, 8.a e 9.a edições da Biblia Hebraica (1951-1955) forneceram o texto básico usado na tradução das Escrituras Hebraicas para o inglês. Uma nova edição do texto hebraico, a saber, a Biblia Hebraica Stuttgartensia, data de 1977.
A primeira edição impressa das Escrituras Gregas Cristãs foi a que apareceu na Poliglota Complutense (em grego e latim), de 1514-1517. Daí, em 1516, o perito holandês Desidério.
Erasmo publicou a primeira edição dum texto grego padrão das Escrituras Gregas Cristãs. Este continha muitos erros, mas um texto melhorado delas tornou-se disponível por meio de edições sucessivas, entre 1519 e 1535. Mais tarde, o impressor e editor parisiense Robert Estienne, ou Stephanus, publicou diversas edições do “Novo Testamento” grego, baseadas principalmente no texto de Erasmo, mas com correções segundo a Poliglota Complutense (edição de 1522) e 15 manuscritos posteriores. A terceira edição do texto grego de Stephanus (publicado em 1550) tornou-se, na realidade, o “Texto Recebido” (chamado em latim de textus receptus), usado para muitas das primeiras versões em inglês, inclusive a King James Version (Versão Rei Jaime) de 1611.
Bastante notável, em tempos mais recentes, é o texto grego padrão preparado por J. J. Griesbach, que se valeu da matéria coletada por outros, mas que também deu atenção às citações bíblicas feitas por escritores anteriores, tais como Orígenes. Além disso, Griesbach estudou os textos de diversas versões, tais como a armênia, a gótica e a filoxeniana. Ele considerava os manuscritos existentes como constituindo três famílias, ou recensões, a bizantina, a ocidental e a alexandrina, dando preferência aos textos desta última. Lançaram-se edições do seu texto grego padrão entre 1774 e 1806, publicando-se a edição principal do inteiro texto grego em 1796-1806. O texto de Griesbach foi usado para a tradução inglesa de Sharpe, de 1840, e é o texto grego constante em The Emphatic Diaglott (A Diaglott Enfática), de Benjamin Wilson, de 1864.
Um texto grego padrão das Escrituras Gregas Cristãs que obteve ampla aceitação é o produzido em 1881 pelos peritos B. F. Westcott e F. J. A. Hort, da Universidade de Cambridge. Era o produto de 28 anos de trabalho independente, embora se consultassem regularmente. Assim como Griesbach, eles dividiram os manuscritos em famílias e se estribaram fortemente no que classificaram de “texto neutro”, que incluía o famoso Manuscrito Sinaítico e o Manuscrito Vaticano N.° 1209, ambos do quarto século EC. Embora Westcott e Hort considerassem as questões como bastante conclusivas quando esses manuscritos concordavam, e especialmente quando eram apoiados por outros antigos manuscritos unciais, eles não se limitaram a esta posição. Tomaram em consideração todos os fatores concebíveis no empenho de solucionar problemas apresentados por textos conflitantes; e quando duas versões tinham peso igual, eles indicaram isso também no seu texto padrão.
O Professor Kurt Aland, comentando a história do texto das Escrituras Gregas Cristãs e os resultados da moderna pesquisa textual, escreveu:
“É possível determinar, à base de 40 anos de experiência e dos resultados que vieram à luz no exame de . . . manuscritos em pelo menos 1.200 pontos de teste: O texto do Novo Testamento foi transmitido de modo excelente, melhor do que quaisquer outros escritos dos tempos antigos; a possibilidade de ainda se encontrarem manuscritos que alterariam decisivamente seu texto é nula.” — Das Neue Testament — zuverlässig überliefert (O Novo Testamento — Transmitido Fidedignamente), Stuttgart, 1986, pp. 27, 28.
Os manuscritos existentes das Escrituras Cristãs (em grego e em outras línguas) mostram variantes de texto. É de esperar que haja variantes em vista da imperfeição humana, e do copiar e recopiar manuscritos, especialmente por muitos copistas que não eram profissionais.
3 – Uncial – Substantivo feminino. Diz-se da, ou a escrita livresca maiúscula latina, usada do IV ao VI século, e caracterizada pelo arredondamento de várias letras e existência de algumas minúsculas. [O nome, depois também aplicado à escrita grega de traçado análogo, foi empregado pela vez primeira por S. Jerônimo, em passagem que permite várias interpretações, sendo a mais corrente justamente a mais improvável: a que se refere à altura das letras, que mediriam uma polegada (úncia). V. semi-uncial.]
4 – Massorá - [Do hebr. massorat, ‘tradição’.] - Substantivo feminino. O conjunto dos comentários críticos por doutores judeus.e gramaticais acerca da Bíblia (sobretudo o Velho Testamento).
Quando certos manuscritos tiveram um manuscrito comum por base, talvez procedendo duma determinada revisão de textos anteriores, ou foram produzidos em determinada região, eles provavelmente têm pelo menos algumas variações em comum, e, por isso, se diz que pertencem à mesma família, ou grupo.
À base da similaridade de tais diferenças, os peritos têm procurado classificar os textos em grupos, ou famílias, cujo número tem aumentado com o passar do tempo, a ponto de se fazer agora referência aos textos alexandrino, ocidental, oriental (siríaco ou cesariano) e bizantino, representados em diversos manuscritos ou em diferentes leituras espalhadas em numerosos manuscritos. Mas, apesar das variações peculiares a diferentes famílias de manuscritos (e das variações dentro de cada grupo), as Escrituras nos foram transmitidas essencialmente na mesma forma dos originais escritos inspirados. As variações na leitura não influem nos ensinos bíblicos em geral. As colações eruditas têm corrigido os erros de importância, de modo que hoje temos um texto autêntico e fidedigno.
Desde que Westcott e Hort produziram seu texto grego refinado, já se produziram diversas edições críticas das Escrituras Gregas Cristãs. Notável entre elas é The Greek New Testament (O Novo Testamento Grego), publicado pelas United Bible Societies (Sociedades Bíblicas Unidas), agora já na terceira edição. De fraseologia idêntica é a 26.a edição do chamado texto Nestle-Aland, publicado em 1979 em Stuttgart, na Alemanha.
MANUSCRITOS DAS ESCRITURAS HEBRAICAS
Existem hoje, em diversas bibliotecas, possivelmente 6.000 manuscritos das inteiras Escrituras Hebraicas ou de partes delas. A vasta maioria deles contém o texto massorético e é do décimo século d.C, ou de época posterior. Os massoretas (da segunda metade do primeiro milênio d.C.) procuravam transmitir fielmente o texto hebraico e não fizeram nenhuma mudança na fraseologia do próprio texto. Todavia, para preservar a tradicional pronúncia do texto consonantal sem vogais, inventaram um sistema de sinais vocálicos e de acentos. Além disso, na sua Massorá, ou notas marginais, trouxeram à atenção peculiaridades do texto e forneceram as leituras corrigidas que acharam necessárias. É o texto massorético que é publicado nas Bíblias hebraicas impressas hoje em dia.
Os manuscritos danificados das Escrituras Hebraicas usadas nas sinagogas judaicas eram substituídos por cópias verificadas, e os manuscritos estragados ou danificados eram guardados na genizá (depósito ou repositório na sinagoga). Por fim, quando esta estava cheia, os manuscritos eram retirados e cerimonialmente queimados. Sem dúvida, muitos dos antigos manuscritos pereceram assim. Mas o conteúdo da genizá da sinagoga no Antigo Cairo foi poupado, provavelmente porque fora fechada por um muro e esquecida por séculos. Depois da reconstrução da sinagoga, em 1890 d.C, os manuscritos da sua genizá foram reexaminados, e dali é que manuscritos razoavelmente completos ou fragmentos das Escrituras Hebraicas (alguns supostamente do sexto século d.C.) chegaram a diversas bibliotecas.
Um dos mais antigos manuscritos existentes de passagens bíblicas é o Papiro Nash, encontrado no Egito e preservado em Cambridge, na Inglaterra. Tendo sido evidentemente parte duma coleção de instrução, ele é do segundo ou primeiro século d.C e consiste em apenas quatro fragmentos de 24 linhas dum texto pré-massorético dos Dez Mandamentos e de alguns versículos de Deuteronômio, capítulos 5 e 6.
A partir de 1947, encontraram-se muitos rolos bíblicos e não-bíblicos em diversas áreas ao O do mar Morto, que geralmente são chamados de Rolos do Mar Morto. Os mais significativos entre eles são os manuscritos descobertos em diversas cavernas no uádi Qumran (Nahal Qumeran) e nos arredores. Estes são também conhecidos como textos de Qumran e evidentemente pertenciam a uma comunidade religiosa, judaica, sediada na vizinha Khirbet Qumran (Horvat Qumeran). A primeira descoberta foi feita por um beduíno numa caverna a uns 15 km ao Sul de Jericó, onde ele encontrou diversos jarros de cerâmica contendo manuscritos antigos. Um destes era o agora famoso Rolo do Mar Morto de Isaías), um bem preservado rolo de couro de todo o livro de Isaías, exceto algumas lacunas. Contém um texto hebraico pré-massorético e foi datado como pertencente ao fim do segundo século d.C. Portanto, é cerca de mil anos mais velho do que os mais antigos manuscritos existentes do texto massorético.
Todavia, embora apresente algumas diferenças na grafia e na construção gramatical, não varia doutrinalmente do texto massorético. Entre os documentos recuperados na área de Qumran há fragmentos de mais de 170 rolos, representando partes de todos os livros das Escrituras Hebraicas, exceto Ester, e no caso de alguns livros, existe mais de uma cópia. Acredita-se que estes rolos e fragmentos de manuscritos datem desde cerca de 250 a.C., até aproximadamente meados do primeiro século d.C, e revelam mais de um tipo de texto hebraico, tal como um texto protomassorético ou um usado para a Septuaginta grega. Os estudos de toda esta matéria ainda estão em progresso.
Entre os notáveis manuscritos hebraicos em velino, das Escrituras Hebraicas, encontra-se o Códice Caraíta do Cairo dos Profetas. Contém a Massorá e vocalização, e seu colofão (livros impressos até o séc. XVI, quando aparece o rosto , fórmula indicativa do nome do impressor, título da obra, lugar da impressão, dia, mês e ano em que a impressão foi acabada, e seguida, por vezes, da marca do impressor, ger. estampada no final da última página) indica que foi completado por volta de 895 d.C., pelo famoso massoreta Moses ben Asher de Tiberíades.
Outro manuscrito significativo (de 916 d.C.) é o Códice dos Profetas Posteriores de Petersburgo. O Códice Sefárdico de Alepo, antigamente guardado em Alepo, Síria, e agora em Israel, até recentemente continha todas as Escrituras Hebraicas. Seu original texto consonantal foi corrigido, pontuado e suprido da Massorá por volta de 930 EC por Aaron ben Asher, filho de Moses ben Asher. O manuscrito de data mais antiga das inteiras Escrituras Hebraicas em hebraico é o Manuscrito de Leningrado N.° B 19A, preservado na Biblioteca Pública de Leningrado. Foi copiado em 1008 EC “dos livros corrigidos, preparados e anotados por Aaron ben Moses ben Asher, o instrutor”. Outro manuscrito hebraico digno de nota é um códice do Pentateuco, preservado no Museu Britânico (Códice Oriental 4445), que consiste no texto de Gn 39:20 a Dt 1:33 (com exceção de Núm 7:46-73 e 9:12–10:18, que faltam ou foram supridos por uma mão posterior) e data provavelmente do século 10 d.C..
Muitos manuscritos das Escrituras Hebraicas da Bíblia foram escritos em grego. Entre estes, destaca-se um na coleção dos Papiros Fouad (Número de Inventário 266, pertencente à Société Egyptienne de Papyrologie, Cairo), com partes de Gênesis e da segunda metade de Deuteronômio, segundo a Septuaginta. Ele é do primeiro século d.C., e apresenta, em diversos lugares, o nome divino em caracteres hebraicos quadrados escrito dentro do texto grego. Fragmentos de Deuteronômio, capítulos 23 a 28, são encontrados no Papiro Rylands iii. 458, do segundo século d.C, preservado em Manchester, Inglaterra. Outro importante manuscrito da Septuaginta contém fragmentos de Jonas, Miquéias, Habacuque, Sofonias e Zacarias. Neste rolo de couro, datado do fim do primeiro século EC, o nome divino é apresentado na forma do Tetragrama, escrito em caracteres hebraicos antigos.
MANUSCRITOS DAS ESCRITURAS GREGAS CRISTÃS
As Escrituras Cristãs foram escritas em coiné (Língua comum, baseada no dialeto ático e adotada pelos gregos e por habitantes dos países da parte oriental do Mediterrâneo, a partir do séc. IV a.C.). Embora não se saiba hoje da existência de nenhum manuscrito autógrafo original, segundo certo cálculo, existem cerca de 5.000 cópias manuscritas destas Escrituras em grego, na íntegra ou em parte.
MANUSCRITOS EM PAPIRO
Entre os códices em papiro encontrados no Egito por volta de 1930 encontravam-se papiros bíblicos de grande importância, anunciando-se a sua compra em 1931. Alguns destes códices em grego (datando do segundo ao quarto séculos EC) consistem em partes de oito livros das Escrituras Hebraicas (Gênesis, Números, Deuteronômio, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Ester), e três deles contêm partes de 15 livros das Escrituras Gregas Cristãs. A maioria destes papiros bíblicos foi comprada por um colecionador americano de manuscritos, A. Chester Beatty, e eles são agora preservados em Dublim, na Irlanda. Os demais foram adquiridos pela Universidade de Michigan e por outros.
A designação internacional para os papiros bíblicos é um “P” maiúsculo, seguido por um pequeno número elevado. O Papiro Chester Beatty N.° 1 consiste em partes de 30 folhas dum códice que provavelmente tinha antigamente cerca de 220 folhas. O P45 tem partes dos quatro Evangelhos e o livro de Atos. O Papiro Chester Beatty N.° 3 é um códice fragmentário de Revelação (Apocalipse) de dez folhas um pouco danificadas. Acredita-se que estes dois papiros sejam do terceiro século EC. Bastante digno de nota é o Papiro Chester Beatty N.° 2 que se acredita ser de aproximadamente 200 d.C. Tem 86 folhas, um pouco danificadas, dum códice que provavelmente tinha de início 104 folhas, e ainda contém nove das cartas inspiradas de Paulo: Romanos, Hebreus, Primeira Coríntios, Segunda Coríntios, Efésios, Gálatas, Filipenses, Colossenses e Primeira Tessalonicenses. É notável que a carta aos hebreus esteja incluída neste primitivo códice. Visto que Hebreus não fornece o nome do escritor, sua composição por Paulo freqüentemente tem sido questionada. Mas a inclusão desta carta que evidentemente consiste só nas cartas de Paulo, indica que, por volta de 200 d.C, Hebreus era aceito pelos primitivos cristãos como escrita inspirada do apóstolo Paulo. Neste códice consta a carta aos Efésios, também refutando argumentos de que Paulo não escreveu esta carta.
Na Biblioteca John Rylands, em Manchester, na Inglaterra, existe um pequeno fragmento de papiro do Evangelho de João (alguns versículos do capítulo 18), catalogado como Papiro Rylands 457. Tem a designação internacional de P52. Trata-se do mais antigo fragmento de manuscrito das Escrituras Gregas Cristãs em existência, tendo sido escrito na primeira metade do segundo século, possivelmente por volta de 125 d.C, e assim apenas cerca de um quarto de século depois da morte de João. Estar uma cópia do Evangelho de João já naquele tempo em circulação no Egito (lugar da descoberta do fragmento) mostra que as boas novas segundo João realmente foram registradas no primeiro século d.C, e pelo próprio João, não por algum escritor desconhecido bem mais tarde, no segundo século d.C, após a morte de João, conforme alguns críticos antigamente afirmavam.
O acréscimo mais importante à coleção de papiros bíblicos, desde a descoberta dos Papiros Chester Beatty, foi a adquisição dos Papiros Bodmer, publicados entre 1956 e 1961. Especialmente dignos de nota são o Papiro Bodmer 2 e o Papiro Bodmer 14, 15 ambos escritos por volta de 200 d.C. O Papiro Bodmer 2 contém uma grande parte do Evangelho de João, ao passo que o Papiro Bodmer 14, 15 contém muito de Lucas e de João, e textualmente é bem parecido ao Manuscrito Vaticano N.° 1209.
MANUSCRITOS EM VELINO
Manuscritos bíblicos escritos em velino às vezes incluem tanto as Escrituras Hebraicas como as Escrituras Gregas Cristãs da Bíblia, embora alguns contenham apenas as Escrituras Cristãs.
O Códice Bezae, designado pela letra “D”, é um valioso manuscrito do quinto século d.C. Embora se desconheça seu verdadeiro lugar de origem, foi adquirido na França em 1562. Contém os Evangelhos, o livro de Atos, e apenas mais uns poucos versículos, e é um manuscrito uncial, escrito em grego nas páginas da esquerda, com um texto paralelo em latim nas páginas à direita. Este códice é preservado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, presenteado a esta instituição por Theodore Beza, em 1581.
O Códice Claromontano também está escrito em grego e em latim em páginas opostas, o grego à esquerda e o latim à direita. Contém as cartas canônicas de Paulo, inclusive Hebreus, e é considerado ser do sexto século. Foi supostamente encontrado no mosteiro de Clermont, na França, e foi adquirido por Theodore Beza, mas é agora preservado na Bibliothèque Nationale em Paris.
Entre os mais recentemente encontrados manuscritos em velino das Escrituras Gregas Cristãs está o Códice Washington I, contendo os Evangelhos em grego (na costumeira ordem ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos). Foi obtido em 1906 no Egito e é preservado na Galeria de Arte Freer, em Washington, D.C., EUA. O símbolo internacional deste códice é “W”, e acha-se que foi escrito no quinto século d.C, exceto que, pelo visto, por causa de danos, parte de João foi substituída no sétimo século d.C. O Códice Washington II, com o símbolo “I”, também se encontra na Coleção Freer e contém partes das cartas canônicas de Paulo, inclusive Hebreus. Acredita-se que este códice tenha sido escrito no quinto século d.C.
ESCRITURAS HEBRAICAS E GREGAS CRISTÃS
Os mais importantes e mais completos manuscritos bíblicos em grego existentes foram escritos em velino, com letras unciais.
MANUSCRITO VATICANO N.° 1209
O Manuscrito Vaticano N.° 1209 (Codex Vaticanus), internacionalmente designado pelo símbolo “B”, é um códice uncial do quarto século d.C, possivelmente produzido em Alexandria, que originalmente continha toda a Bíblia em grego. Um revisor em tempos posteriores retraçou as letras, talvez porque a escrita original tinha desbotado, mas pulou letras e palavras que considerava incorretas. É provável que este códice tinha originalmente cerca de 820 folhas, das quais restam 759. Desapareceu a maior parte de Gênesis, bem como parte dos Salmos, Hebreus 9.14 a 13.25, e toda a Primeira e Segunda Timóteo, Tito, Filêmon e Apocalipse. O Codex Vaticanus está sendo preservado na Biblioteca do Vaticano, em Roma, na Itália, e sabe-se que está ali já desde o século 15. Todavia, as autoridades da Biblioteca do Vaticano tornaram extremamente difícil aos peritos o acesso a este manuscrito e só publicaram um fac-símile fotográfico completo do códice inteiro em 1889-1890.
MANUSCRITO SINAÍTICO
O Manuscrito Sinaítico (Códice Sinaítico) também é do quarto século EC, mas o Códice Vaticano talvez seja um pouco mais antigo. O Manuscrito Sinaítico é designado pelo símbolo א (´á•lefe, a primeira letra do alfabeto hebraico), e embora seja evidente que outrora continha toda a Bíblia em grego, perdeu-se parte das Escrituras Hebraicas. Todavia, contém todas as Escrituras Gregas Cristãs. É provável que este códice consistisse originalmente em pelo menos 730 folhas, embora se verifique hoje que existem por inteiro ou em partes apenas 393 folhas. Foi descoberto (uma parte em 1844 e outra em 1859) pelo perito bíblico Konstantin von Tischendorf no Mosteiro de Sta. Catarina, no monte Sinai. Quarenta e três folhas deste códice estão guardadas em Leipzig, partes de três folhas se encontram em Leningrado, e 347 folhas são preservadas no Museu Britânico em Londres. Relatou-se que em 1975 se descobriram mais 8 a 14 folhas no mesmo mosteiro.
MANUSCRITO ALEXANDRINO
O Manuscrito Alexandrino (Códice Alexandrino), designado pela letra “A”, é um manuscrito grego uncial que contém a maior parte da Bíblia, inclusive o livro de Revelação. Das possivelmente 820 folhas originais foram preservadas 773. Considera-se em geral que este códice seja da primeira metade do quinto século d.C, e ele também é preservado no Museu Britânico.
CODEX EPHRAEMI SYRI RESCRIPTUS
O Codex Ephraemi Syri rescriptus (Códice de Ephraem), internacionalmente designado pela letra “C”, em geral também é considerado como originário do quinto século EC. Está escrito em letras unciais gregas sobre velino e é um códice reescrito, um manuscrito palimpsesto. O texto original grego foi removido, e diversas folhas foram então reescritas com discursos de Ephraem Syrus (o Sírio), em grego. Isto provavelmente foi feito no século 12, quando havia escassez de velino. No entanto, o texto subjacente foi decifrado. Embora “C” evidentemente contivesse outrora todas as Escrituras em grego, restam apenas 209 folhas, sendo 145 das Escrituras Gregas Cristãs. Portanto, este códice contém agora apenas partes dos livros das Escrituras Hebraicas e partes de todos os livros das Escrituras Gregas Cristãs, exceto Segunda Tessalonicenses e Segunda João. É preservado na Bibliothèque Nationale em Paris.
FIDEDIGNIDADE DO TEXTO BÍBLICO
O apreço pela fidedignidade da Bíblia aumenta grandemente quando se percebe, em comparação, que há apenas muito poucos manuscritos existentes das obras dos escritores clássicos seculares e que nenhum destes é manuscrito original, autógrafo. Embora sejam apenas cópias feitas séculos depois da morte dos autores, os peritos atuais aceitam essas cópias posteriores como evidência suficiente da autenticidade do texto.
Os existentes manuscritos hebraicos das Escrituras foram feitos com muito cuidado. A respeito do texto das Escrituras Hebraicas, o perito W. H. Green observou: “Pode-se dizer com segurança que nenhuma outra obra da antiguidade foi transmitida com tanta exatidão.” (Archaeology and Bible History [A Arqueologia e a História Bíblica], de J. P. Free, 1964, p. 5).
O perito em textos bíblicos, Sir Frederic Kenyon, fez a seguinte declaração tranqüilizadora na introdução dos seus sete volumes intitulados The Chester Beatty Biblical Papyri (Os Papiros Bíblicos Chester Beatty): “A primeira e a mais importante conclusão a que se chega à base do exame deles [os Papiros] é a satisfatória de que confirmam a exatidão essencial dos textos existentes. Não aparece nenhuma variação substancial ou fundamental, quer no Velho, quer no Novo Testamento. Não há nenhumas omissões ou adições importantes de trechos, nem variações que influam em fatos ou doutrinas vitais. As variações do texto influem em questões menores, tais como a ordem das palavras ou as palavras precisas usadas. . . . Mas a sua importância essencial é sua confirmação da integridade de nossos textos existentes, pela evidência duma data anterior à disponível até agora. Neste respeito, são uma adquisição de valor que marca época.” — Londres, 1933, Fascículo I, p. 15.
Sir Frederic Kenyon declarou a respeito das Escrituras Gregas Cristãs: “O intervalo, então, entre as datas da composição original e a mais antiga evidência existente se torna tão pequeno que é, com efeito, insignificante, e a última base para qualquer dúvida de que as Escrituras chegaram até nós substancialmente como foram escritas foi agora removida. Tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem ser consideradas como finalmente confirmadas.” — The Bible and Archæology (A Bíblia e a Arqueologia), 1940, pp. 288, 289.
Há séculos, Jesus Cristo, “a testemunha fiel e verdadeira” (Ap.3:14), confirmou repetida e enfaticamente a genuinidade das Escrituras Hebraicas, assim como fizeram seus apóstolos. (Lc 24.27,44; Rm 15.4). Versões e traduções antigas existentes confirmam adicionalmente a exatidão das Escrituras Hebraicas preservadas. Manuscritos e versões das Escrituras Gregas Cristãs dão incontestável testemunho da maravilhosa preservação e transmissão exata desta parte da Palavra de Deus. Portanto, somos agora favorecidos com um texto bíblico autêntico, inteiramente confiável. O meticuloso exame dos manuscritos preservados das Escrituras Sagradas dá eloqüente testemunho da sua fiel preservação e permanência, dando um significado adicional à declaração inspirada: “Secou-se a erva verde, murchou a flor; mas, quanto à palavra de nosso Deus, ela durará por tempo indefinido.” Is 40.8; 1Pe 1.24-25.
A LINGUAGEM BEM DEFINIDA DA BÍBLIA
Atualmente com uma visão mais aprofundada sobre a exegese bíblica, teólogos de várias correntes entenderam que as mensagens contidas na narrativa bíblica podem ser separadas em três momentos específicos como veremos abaixo:
Através da tradição oral e
Do registro escrito do Antigo
Testamento a partir
HEBREUS de Salomão. Leis e Profetas,
Literaturas Sapienciais
Os textos Bíblicos A apresentação ao mundo
foram registrados ÍMPIOS do Deus Único – o Monoteísmo
para: do Criador
Jesus Cristo, o filho de Deus,
IGREJA A Justificação. O Perdão.
A Vida Eterna, o Paraíso,
O Inferno.
Logo, para o estudante de teologia nos dias atuais a observação do quadro acima, o faz avaliar melhor a contextualização. Tempo, Modo e Razão fazem conhecer a implicação teológica descrito no texto a ser estudado. É de vital importância a análise sistemática dos três tópicos acima.
TEMPO – Onde está situado o texto estudado. A historicidade é fundamental para a melhor compreensão; algumas informações paralelas ajudarão ao exegeta compreender melhor a sua contemporaneidade para que venha ter sido escrito, logo a sua existência.
MODO – Quem escreveu? Quem ditou ou escreveu a próprio punho; razões paralelas, interferência direta de Deus, recursos naturais. Inspiração? Todos esses pontos devem ser levados em consideração. Sabermos que a Bíblia é a Palavra de Deus inquestionável, mas para que possamos fazer uma avaliação e exposição sistemática torna-se necessário percorrer esses caminhos.
RAZÃO – Quando nos dias atuais ouvimos pregações, ensinos bíblicos e outras abordagens com o uso dos textos bíblicos, importa ao ouvinte observar se aquele discurso vem do coração do Pai. É comum ouvir alguns desatinos totalmente distantes do âmago teológico. Conjecturas, criação de “novas doutrinas imediatistas” , achismos e oportunismos que mexem com o emocional do ouvinte que acabam por gerar novas “igrejas” que são plantadas na areia do mar, que ao balanço das ondas doutrinárias movem-se (física e doutrinariamente) sem compaixão dos seus adeptos e os colocam na “porta do inferno”.
A Razão da Exegese é conhecer a principal implicação teológica de cada texto. Como se aplica a mensagem estuda a Igreja contemporânea. Sua mensagem deve ser clara, objetiva e sucinta para sua melhor exposição e compreensão. Ao contrário do acima exposto, observamos que o Senhor capacita homens e mulheres para a divulgação honesta da sua Palavra, não importando onde e como deve ser propagada; sim ela está sob as “vistas de Deus”, sem subterfúgios, pieguices e/ou mau intencionado.
O vernáculo brasileiro possui uma pluralidade de representações escritas e faladas. Suas variadas formas contribuem para uma exegese em alguns casos conflitante; muito embora a nossa língua natal seja única em todo território nacional as variações locais são contundentes e abrem um precedente perigoso para a interpretação de textos.
Podemos observar que tanto a hermenêutica quanto a exegese necessitam de toda atenção no que se refere as palavras e termos locais; contudo ao leitor observador a presença da inspiração divina nas buscas por explicações da Palavra de Deus devem sempre ser orientadas pelo Espírito Santo.
OBSERVEMOS OS VÁRIOS MOMENTOS
TESE
O primeiro momento do processo dialético.
Em tese. De acordo com o que se supõe; em princípio; em teoria.
Termo que designa, em filosofia, o princípio imediato do silogismo que serve de base para qualquer demonstração. Na dialética hegeliana, é a afirmação de um conceito que, negado pela antítese, dá origem à síntese.
DIALÉTICO
Respeitante à dialética. Que se caracteriza ou realiza pela dialética:
método dialético; raciocínio dialético. V. lógica —a, materialismo —, momento —, silogismo — e teatro —. Bom argumentador; dialeta.
SÍNTESE
Método cognoscitivo contraposto à análise. Designa também a terceira fase do processo dialético, como resultado da confrontação entre tese e antítese.
ANTÍTESE
Oposição por contrariedade, ou por contradição, entre dois termos ou duas proposições dialética e oposição.
Figura pela qual se salienta a oposição entre duas palavras ou idéias; Figura de retórica em que uma palavra, idéia ou proposição contradiz ou se opõe deliberadamente à anterior. Em filosofia, designa o segundo termo da antinomia kantiana e a segunda etapa do processo dialético postulado por Hegel e Marx.
FÁBULA
Narrativa alegórica em prosa ou verso, que tem em geral animais como personagens e uma conclusão de natureza moral.
LENDA
Narrativa fantástica ou mítica, muitas vezes originada de fatos históricos que as tradições orais e escrita alteram com o tempo.
CONOTAÇÃO
Significado, dito afetivo, de uma palavra ou frase que sugere ou evoca coisas abstratas, conceitos, sentimentos e emoções.
DENOTAÇÃO
Ato de denotar. Sinal, indicação.
Extensão. Opõe-se a conotação
FIGURAS DE LINGUAGEM
Denominação genérica de diferentes expressões verbais, com finalidades retóricas ou estéticas, que se distinguem da linguagem cotidiana.
FIGURA DE CONSTRUÇÃO
Nome genérico das figuras de linguagem obtidas por meios sintáticos. Incluem o assindetismo (falta de conectivos), o sindetismo (abuso de conectivos), a redundância, a reticência e a transposição.
FIGURAS DE PENSAMENTO
Figuras de linguagem cujas principais são a comparação, a antítese, a gradação, a hipérbole e a lítotes.
FIGURAS DE SINTAXE
Infrações das regras da sintaxe motivadas pela busca de maior expressividade lingüística. As mais empregadas são a elipse, o zeugma, o anacoluto, o pleonasmo e o hipérbato
QUADRO COMPARATIVO ARC – ARA - NTLH
Fonte: www.sbb.org.br
COMO SE FAZ A EXEGESE
II CORINTIOS 3.6 “o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (ARC)
II CORINTIOS 3.6 “É ele quem nos torna capazes de servir à nova aliança, que tem como base não a Lei escrita, mas o Espírito de Deus. A Lei escrita mata, mas o Espírito de Deus dá a vida.” (BLH)
Letra = Lei
Lei escrita – Denuncia o pecado, o pecado causa a morte.
II CO 3.6 o qual <3739> nos <2248> habilitou <2427> (5656) para sermos ministros <1249> de uma nova <2537> aliança <1242>, não <3756> da letra <1121>, mas <235> do espírito <4151>; porque <1063> a letra <1121> mata <615> (5719), mas <1161> o espírito <4151> vivifica <2227> (5719). (ARC)
DIACRONIA – OS MÉTODOS HISTÓRICO-CRÍTICO
[DE DI(A)- + -CRON(O)- + -IA.]
Substantivo feminino.
1. Desenvolvimento de uma língua ao longo do tempo.
2.O estudo desse desenvolvimento.
3.Caráter dos fenômenos culturais, sociais, etc., observados quanto à sua evolução no tempo
Não faz muito tempo que exegetas tanto católicos como reformados, sofriam para entender a exegese histórica e crítica para ser aceita com legitimidade. Hoje não necessitamos extremar os nossos conhecimentos para defender a Criação e outros eventos bíblicos, bastamos tão somente utilizar os métodos histórico-crítico, o que não nos eximira de um possível erro interpretativo.
É considerado método histórico-crítico como “diacrônico” que em parte correto pois ainda necessita de alguns esclarecimentos complementares, para isso necessitamos entender o que se entende por “método”, “histórico” e “crítico”.
a) Método – designa-se o conjunto de procedimentos que permitem acesso mais objetivo a um objeto de pesquisa. Deve ser transmissível e é necessário que possa ser ensinado e aprendido. Então o”método” deve ser compreensível, imitável e controlável em acordo com a disciplina a qual se dedica.
b) Histórico – implica em reconhecer que os textos bíblicos foram concebidos e compostos em pretéritos, que se desenvolveram num processo histórico e que, por conseguinte, a relação ao tempo pesquisado tem tenha algo a dizer aos nossos dias.
c) Crítico – tal termo nos remete a interpretar, saber fazer distinções, julgar os diversos aspectos do texto que estão ligados a história. O processo da construção do texto, a identidade do autor, o tempo da construção do texto, a sua relação com outros textos e a realidade contextual, ou seja; a realidade histórica política, social e religiosa que o texto faz subtender.
Por certo o aspecto “crítico” talvez esteja ligado aos aspectos ideológicos; posto que pressupostos políticos ou religiosos interfiram e determinam um período da história.
As observações podem descrever os métodos histórico-criticos como aqueles que buscam explicar todo texto a partir das suas intenções originais e de um ponto “crítico” buscam entender ao texto de maneira diferenciada no que diz a respeito às interpretações através do crescimento do mesmo processo.
Entretanto há de se salientar que todos os métodos possuem uma determinada limitação. Todo processo em algum momento dependerá do cenário histórico e cultural e nível da consciência humana e grau de espiritualidade. Quanto ao método, todo ele nasce de uma pré-consepção exegética, vejamos algumas limitações:
a) Dificuldade em estabelecer uma relação objetiva entre o método histórico - critico e outros resultados obtidos por outras interpretações. (tipológica ou exegese alegórica dos padres).
b) È a contra-parte teológica e espiritual do primeiro.
c) A introdução das delimitações dos temas e personagens não coerentes com os precedentes. Uma situação atemporal.
d) Um critério negativo para indicar que um relato ainda não terminou.
CRÍTICA DA CONSTRUÇÃO DO TEXTO
A finalidade desse método é dupla:
1) Delimitação do inicio e do fim do texto;
2) Prova de sua autenticidade.
Delimitação de um texto
Atualmente podemos reconhecer o inicio e o fim de um livro, de um capitula ou de uma seção também tipograficamente. A delimitação do inicio de do fim de um texto bíblico, se faz necessária por seu caráter antológico, que nem sempre a ordem ou a sucessão são evidentes. Muitos textos já sofreram por terem sido incorporados fragmentos de outros textos, portanto torna-se necessário saber qual é a mensagem de um texto.
A Unidade do texto
A unidade do texto é de fundamental importância para o Exegeta. Entretanto a literatura bíblica é um conjunto de unidades textuais que passou por um processo que teve seu inicio em seus autores e passaram provavelmente por alguns copistas, dando-nos a certeza que poucos escritos tenham chegado aos nossos dias conforme o original, a não ser a maioria dos textos do AT.
A determinação da unidade de um texto bíblico é importante para a sua compreensão e seu estudo é válido e útil mesmo que se tenha a certeza de autor único observando suas afirmações quanto a linha unitária de pensamento. Os critérios para julgar sobre a unidade ou não –unidade de um texto são as seguintes:
• Na unidade, a presença de duplicações ou repetições injustificadas que perturbam o desenvolvimento do relato ou do discurso. Observe Gn 6.19-22.
• Interrupção no desenvolvimento do relato ou do discurso (Gn 2.1 – 2.11)
• A heterogeneidade dos gêneros literários utilizados nos textos.
• A presença de diversidades semânticas.
• A presença de diversidades estilísticas fortes.
• A presença de fundo histórico, institucional ou religioso.
• A presença de tensões e interrupções na construção sintática.
O exame dos limites da unidade do texto devera nos levar a identificar os elementos seguintes, ou pelo menos alguns deles:
• Um texto base ou unidade textual forte – é um texto livre que cria possíveis obstáculos à sua leitura, fechado em si mesmo, onde a trama narrativa ou argumento do discurso chega a um ponto de repouso.
• Expansões do texto de base como os comentários feitos ao texto de base que nunca tiveram existência independente, e acréscimos com finalidade precisa, como por exemplo, um esclarecimento ou uma correção teológica.
• Fragmentos, ou seja, seções do texto que fizeram parte de outra unidade e foram incorporadas nessa em que atualmente se encontram. Os fragmentos, por sua vez podem ter sofrido expansões.
• Uma unidade composta, ou seja, aquele texto em que se combinaram pelo menos duas unidades simples, sem que agora seja possível determinar qual delas teria sido o “texto de base” sobre o qual depois se elaborou a outra unidade.
FINALIDADE DA CRITICA DA REDAÇÃO
Torna-se necessária para que se possa constatar a existência de diversos estratos de texto. Cabe a crítica de a redação mostrar a relação entre eles. À redação e a crítica da redação, interessa não só o texto redacional que se acrescenta ao texto de base, mas também a esse ultimo.
As atividades redacionais podem ser variadas e se divide em:
a) Compilação simples – caracterizado por relatos ou narrativas. Exemplo: o corpo legislativo.
b) Compilação e composição - Textos escritos, por exemplo, sobre os Reis de Israel feita pelos Deuteronomistas e fixadas no Livro dos Reis.
c) Compilação, composição e redação - em diversas fontes escritas numa única obra literária. Exemplo: os documentos Javista e do documento eloísta ou mesmo sacerdotal no Pentateuco; ou da hipotética fonte Q e os ditos de Jesus nos evangelhos sinópticos.
d) Interpretação - através de introduções, conclusões, discursos particulares de personagens. Exemplo Gn 58 ou o capitulo 12 de Isaías e no capitulo 14 de Oséias.
e) Reelaboração – Esclarecimentos, mudanças de ordem no texto, ampliações, reduções. Esse processo pode ser encontrado claramente no caso de existirem textos paralelos, como por exemplo, no caso dos Livro dos Reis e das Crônicas, ou no dos evangelhos sinópticos.
Entretanto é de imprescindível valor analisar o texto observando os critérios temáticos e cronológicos a partir de tradições orais. Provavelmente como tenha acontecido na composição dos livros de Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel e outros.
INDÍCIOS DE VÁRIAS REDAÇÕES
A existência de uma redação é o necessário para o exegeta entender se esse ou aquele texto recebeu algum tipo de interferência. Ao observar sobre a unidade textual, quando são apresentadas e confrontadas entre si, e o fato resultante nos revela a vontade do seu autor, mas que em alguns casos evidencia-se a intervenção de uma “mão” alheia de uma possível interferência ainda que nos revele uma grande dificuldade em descobrir e desvendar as formas redacionais alheias ao texto originais, sempre acaba por percebê-la.
Quanto maior a intervenção redacional, tanto mais complexas e difíceis as inferências de pontos de vistas críticos teológicos e históricos mais difícil torna-se para o trabalho do pesquisador.
A ausência ou a presença de expressões prediletas nos textos de base, também podem ser sinais literários ou lexicais detectáveis da presença destas interferências.
A CRÍTICA DA REDAÇÃO
O objeto material da crítica da Composição
Ao estudar a constituição do texto, a pesquisa poderá continuar em um dois sentidos indicados em seu inicio conforme o interesse e a afinidade particular do pesquisador. Diante da possibilidade em deter-se ante a uma unidade textual, o que lhe parece mais interessante para um estudo concreto, o estudante, finaliza através da critica a identificação quanto a forma da Composição do texto estudado.
Outra possibilidade é a de continuar examinando a natureza e a história do texto em sua composição, a partir do qual teve o inicio pesquisa, ou seja, quanto mais aprofunda suas investigações mais determina a forma de Composição.
O objeto material da crítica da redação
Diante da diferença entre autores, a Crítica da Redação tem como objeto um texto escrito. Revela-se então no seu primeiro teor seguindo-se até o resultado final. As finalidades da critica da redação é estabelecer a relação entre o primeiro relato escrito e o texto oral.
O objeto da critica da redação como da critica da composição é um texto nã0-unitário pela suposição que tenha havido um processo de crescimento do texto. Se um texto se manifestasse como absolutamente unitário e homogêneo, não haveria espaço para crítica da redação.
O OBJETO MATERIAL DA CRÍTICA DA FORMA
A critica da “Forma” é diferente da critica do gênero literário ao contrário de autores mais antigos que as tratavam juntas, vinculando aquela determinação do gênero literário . Esta posição desconsidera a possibilidade de que possa haver textos que não podem ser atribuídos a nenhum gênero e nos quais é possível e necessária a critica da forma.
A Forma significa uma oposição ao conteúdo. Todos os aspectos de um texto que conformam ou configuram sua peculiar personalidade.
A FORMA é a carteira de identidade de cada texto. Sua critica diz respeito a todo aspecto lingüístico de um texto e eles se organizam em ambientes diversos. Fonemático, sintático, semântico, estilístico e estrutural. Os três primeiros níveis construtivos da linguagem (fonema, proposição e morfema) trabalham em conjunto com o ambiente estrutural (estilo e estrutura).
EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO
Sabemos que a Exegese é a ciência da interpretação, em nosso caso nos limitamos à interpretação dos textos bíblicos. Diante de um texto tão específico, todo exegeta traz consigo uma série de pré-compreensões e pré-conceitos o que se torna perigoso, pois limita a expressão verbalizada de Deus.
Então Exegese é o ato de ouvir o texto, de perceber seu sentido Mas para que o texto possa falar o primeiro passo é estar aberto e ter a certeza que depararemos com algumas surpresas, entretanto as técnicas exegéticas auxiliam a interpretação dos textos a serem analisados.
Metodologicamente o trabalho deve ser desenvolvido deve seguir o seguinte caminho:
a) Separar as afirmações completas contidas no texto;
b) Verificar as relações entre frases, os paralelismos entre elas;
c) Buscar definir as relações no conjunto do texto.
Como já estudamos anteriormente, observações quanto ao gênero literário, a sua composição e forma, deverão ser acompanhadas de investigações paralelas quanto a sua contextualização, ou seja: Lugar que foi escrito, tempo em que foi escrito, para quem foi escrito. Sua carga ideológica, cultural e religiosa. Quais os fatores sociais (econômicos, políticos e comportamental) ajudaram para que um determinado texto viesse a ser revelado.
Para o bom teólogo seu inicio de uma análise exegética deverá ser sempre pelo lado religioso. Caso contrario, poderíamos encobrir dimensões importantes quanto a realidade factual, e passamos a observar somente o que estamos acostumados a ver. Por isso é importante que venhamos iniciar pelo desconhecido.
Pressupostos diferentes
É a técnica de fazer uma série de perguntas diretas ao texto. É ampliar as informações sobre a sociedade e a época com base em comentários, dicionários e materiais sobre a história de Israel.
Algumas perguntas auxiliam o estudante.
Qual é a questão concreta em jogo? Qual o problema concreto que gerou o texto? É importante que se busque ser o mais concreto possível. Generalizações não ajudam e é preciso ver a melhor maneira quanto a materialidade do texto.
Como se apresenta esta questão concreta? De modo unitário ou diversificado? O problema é um só, ou possui vários outros aspectos?
Que pressupõe o texto? Há grupos representados neles? Qual a situação que ele apresenta do ponto de vista econômico, social, político e religioso (ideológico)?
De que ponto de vista o texto foi escrito?
Quem o escreveu? Para responder a esta pergunta é importante empreender uma análise terminológica do texto em comparação com o todo do livro estudado com base na concordância.
Quem esta por trás do autor? Ele fala sozinho ou há algum grupo ou grupos por de traz dele?
Quando o texto foi produzido? Quando foi escrito?
Em que lugar deve ter sido falado? A quem se dirige?
O que acontecia naquela época?
É importante que sempre venhamos estabelecer um início no próprio texto do conjunto em estudo. Partindo sempre do específico para o geral. As informações que não conseguirmos adquirir no texto podem ser buscadas na literatura complementar. Torna-se importante que sejam determinados com muita clareza os dados que são necessários para a compreensão da história e da sociedade que estão por trás do texto a ser analisado.
A TRADIÇÃO HISTÓRICA
A esta tradição pertencem os relatos que querem dar a conhecer a aço de Deus na história de Israel. Não são narrativas de fatos reais, e sim releituras teológicas ou seja: sobre um fato real, constrói-se uma história que o interpreta e atualiza.
OS TIPOS DE NARRATIVAS
Novela – Como qualquer relato histórico o tempo da novela é o passado. Não se trata de um acontecimento isolado e sim uma série deles. Não são acontecimentos públicos, mas de fatos da vida pessoal e privada de um personagem, seus sentimentos e suas reações. Na realidade os fatos são importantes porque fazem parte e estão diretamente relacionados a vida de um personagem israelita. A trama se desenvolve em três tempos:
a) Inicio – uma situação de conflito ou tensão;
b) Meio – o conflito se complica cada vez mais;
c) Fim – resolução do conflito e esvaecimento das complicações.
Algumas novelas do AT:
• A história de José (Gn 37; 39-48; 50)
• O livro de Jó
• O livro de Rute.
A narrativa histórica
O termo “história” no aspecto bíblico não corresponde a moderna ciência homônima. A historiografia bíblica não é científica e menos ainda neutra. É uma história interpretada e interpretante, não se interessa em informar de forma objetiva os acontecimentos, antes mesmo o tempo que se reporta ao fato fornecendo critérios para dele escolher a significação. Nessas narrativas encontramos um jogo lingüístico que entremeia elementos ideológicos aos elementos teológicos.
A SAGA
No desenvolvimento da fé javista, não faltaram elementos para a formulação de mitologias, ou seja: o politeísmo e a magia que são influências da mentalidade mística, por ser “algo que nunca ouve mas que sempre é”; externa o mito que é a categorização de uma visão de mundo. Exemplo Gn 1-11. Portanto quanto mais se abandou o relato mitológico mais se aproximou da Saga.
A Saga – é a narrativa sobre um fato extraordinário, ou seja: as façanhas de um herói ou a história de um lugar ou de uma coisa. Contada e recontada oralmente durante muito tempo e que posteriormente foi redigida. Nesse período de tradição oral a Saga adquiriu uma linguagem exuberante e poética, que é acentuada por um forte apelo emocional quanto a importância daquilo que esta sendo contado. A Saga quer explicar determinadas situações presentes a partir de acontecimentos passados.
• A Saga de uma tribo ou de um povo – Gn 9.20-27 ou Gn 48
• A Saga de um herói – Ex 17 8-16
• A Saga de um lugar - Gn 11.1-9
A Lenda
Tida por alguns como uma variante da Saga, a lenda caracteriza-se pelo santo e imitável. Não há uma descrição do cenário e é realçada pela oposição entre pessoas e atitudes. A linguagem é edificante e privilegia o milagroso e a ação vitoriosa de Deus. No centro da narrativa pode estar um profeta ou um local de culto.
Divide-se em:
• Lenda Pessoal – O protagonista é uma figura religiosa (profeta, sacerdote ou mártir), apresentando-se como exemplar, alguém chamado por Deus. Esse tipo de narrativa visa formar discípulos. As poucas lendas sacerdotais ou criticam a instituição (1Sm 2.12-17) ou querem legitimar o direito dos sacerdotes.
• Lenda dos Mártires – Surgidas em plena helenização e opressão dos selêucidas seus relatos visaram encorajar os judeus em um tempo de perseguições.
• Lenda Profética – Nela a palavra do profeta ou homem de Deus é capaz de transformarem-se em acontecimento quando pronunciada. Amplamente utilizada nos tempos de Elias e Eliseu. A Lenda Profética é facilmente identificável:
Ação
Texto 2 Rs 2. 19-22 2 Rs 4.42-44
* Uma situação de crise v.19 v. 42
*Súplica pela intervenção do profeta v.19
* Dúvida sobre a capacidade para realizar o milagre v.43a
* Instrumentos para realizar o milagre v.20 (os pães)
* Palavras durante a realização do milagre v. 21 v. 42b;43b
* Efeito produzido v. 22 v. 44
* Conseqüências v. 22 (até hoje) v. 44c
• Lenda de santuário – Um relato a respeito de um determinado lugar; mas diferentemente da saga, que explicar por que tal santuário é considerado sagrado. Em geral, descreve uma manifestação de Deus naquele posto (Gn 16.7-14; 28.10-22).
• Lenda Cultural – Esse tipo de narrativa quer justificar a prática de determinado culto ou rito; uma imagem de serpente no Templo de Jerusalém (Nm 21.4-9); a circuncisão (Gn 17; Ex 4.24-26; Js 5.2-9).
PALAVRAS DE DESGRAÇA E SALVAÇÃO
No Antigo Testamento o Profeta traduziu em palavras humanas o que experimentaram e receberam do próprio Deus. A experiência pessoal, quando verbalizada já sofre uma redução; por isso utilizam linguagens e imagens agitadas e por vezes agressivas e exageradas. Penetrar nos gêneros literários utilizados pelos Profetas é o melhor caminho para resgatar a profundidade da experiência original.
Palavra de desgraça
Trata-se de um oráculo que anuncia um juízo e um castigo da parte de Deus. Tem como característica ser breve, direto e em geral, na presença do acusado. Pode ser endereçado ao povo de Israel (Am 4.1-3), aos povos estrangeiros (Am 1.3-5.6-8) ou a uma pessoa em particular (ao rei; 1 Rs 21.17-19); ao sacerdote Amasias (Am 7.16-17), ao profeta Ananias (Jr.28.13-14). Observe o esquema abaixo:
Ação
Texto Am 4.1-3 Am 1.3-5 Jr. 28 13-14
* Encargo confiado ao mensageiro v. 13a
* Convite para escutar v. 1 a-b v. 31 v. 13b
* Acusação v. 1c v. 3b-c v. 13 c-d
* Desenvolvimento da acusação v. 1d v. 3d
* Formula da mensagem ou "por isso" v. 2a v. 14a
* Anuncio do Juízo - intervenção de Deus v. 2b v. 14b-c
*Anuncio do Juízo - conseqüências vv. 2c-3b vv 4-5 (v.14d)
* Assinatura (Oráculo do Senhor) v. 3c V. 5e
Palavra de Salvação
É o equivalente positivo da palavra de desgraça. Em uma situação de crise ou desgraça, o profeta anuncia uma nova perspectiva, na qual se contempla a ação salvadora de Deus. Encontramos oráculos de salvação em Oséias, Jeremias e Ezequiel. Igualmente no Dêutero-Isaías, mas já plenamente desenvolvidos e considerados “oráculos de salvação sacerdotal” Is. 41. 8-12 – 44.1-5 – Uma estrutura básica pode ser assim esboçada:
Ação
Texto Is 41.8-12 Is 44 1-5
* Alocução (vocativo) v. 8 vv 1-2b
* Promessa de salvação (encorajamento) v. 10a (não temas) v. 2c-d
* Motivação introduzida (porque) v. 10 v. 3
* Conseqüências v. 11-12 vv. 4-5
Paralelismo
Esse procedimento constitui uma das bases da poesia hebraica. Nele, não importam os sons e sim os conceitos, isto é, o que deve rimar não são fonemas, mas as idéias. Existem três tipos de paralelismo:
• Sinonímico – O 2º membro repete a idéia do 1º, com termos semelhantes ou equivalentes. Sua finalidade é acrescentar ênfase e esclarecimento à idéia principal (1º verso) Exemplo: Pv 1.8; 4.24; 19.6, Ec 13.1.
• Antitético – Quando os dois membros se opõem entre si, com termos contrários. Quer aguçar o espírito critico sobre a realidade, a fim de evidenciar diferenças e contrastes. Exemplo: Pv 10.1-2; 11.19 e 13.7.
• Sintético ou Progressivo – O 2º membro não diz o mesmo, nem o contrário do 1º, mas prolonga ou desenvolve o pensamento, uma nova idéia, ou uma observação. Sua função é apresentar as circunstâncias, os condicionamentos e as conseqüências do afirmado no 1º membro. Exemplo: Pv. 14.27; 16.31; 21.28 e Sl 1.6.
Formas valorativas
Utilizadas em Provérbios que expressam a estima ou a reprovação por uma conduta ou coisa. Fazem-nos saber qual escala de valores era comum no tempo dos sábios.
a) Sentença–tov (“melhor / mais...que” – importante para uma conduta moral: Pv. 16.8; 25.24.
b) Marcadismo – Provérbios com formula de bem-aventurança: Pv. 14.21; 16.20; 20.7.
QUESTÃO RETÓRICA
São aquelas perguntas que se fazem sabendo, já de antemão, quais as respostas. Servem para exprimir uma convicção generalizada (Pv 6.27-29; 17.16; Ec 2.10), mas, também para fazer pensar (Pv 3.10ª); Ec 22.14).
Formas compostas
Em algumas passagens encontramos textos que prolongam ou substituem a forma simples por uma seqüência lógica de pensamentos.
Existem outras formas de expressão na palavra de Deus. Poemas com caráter didático, em forma de discurso, em forma etopéia (com cenas que descreve o caráter, as inclinações e os costumes de personagens típicos da sociedade tais como preguiçoso, adultera e o bêbado. Lista enciclopédica onde aparece uma catalogação dos fenômenos ou dos elementos da natureza bem como atividades humanas, vícios e virtudes. Provérbios numéricos que possuem a finalidade de chamar a atenção para o autor.
Cânticos
Nos momentos cruciais da vida do povo da Bíblia estão marcados por cânticos. A guerra, a vitória, a morte, o amor e o culto. No AT, encontramos uma enorme quantidade de cantos, ou pelo menos os restos de cantos.
• Cânticos da vida cotidiana – No trabalho, a colheita, o banquete, a guerra, a vitória, a derrota. Tudo é motivação para um canto que revele o que esta acontecendo e sirva de recordação.
• Cânticos de guerra - Esses cantos cumprem as mesmas funções dos atuais “gritos de guerra” das torcidas organizadas do futebol.
• Cânticos de bruxaria (ensalmos)1 – Para invocar a força e as condições para a vitória, quando não a própria vitória (2Rs 13.17; Js 10.12) - 1 - Maneira de curar com orações e benzeduras.
• Cânticos de bênção e de maldição – Proferidos por um guerreiro ou profeta. Cânticos desse tipo uniam-se ao barulho da tropa para aumentar o poderio do exército e amedrontar o inimigo. Um belo exemplo é o cântico de Balaão (Nm 22.24).
• Cântico de mero estímulo ao combate – Sua finalidade é empolgar, “envenenar” a tropa. (Nm 5.12).
• Cântico de vitória – Entoados por mulheres quando o exercito voltava triunfante, eram acompanhados por instrumentos e danças. Em geral, são bastante curtos: 1 ou 2 versos repetidos alternadamente por dois grupos. Exemplo: Ex 15.20-21; 1Sm 18.6-7.
• Cânticos de amor – No antigo Israel casava-se após a colheita do outono. A festa durava cerca de sete dias. Por essa ocasião contratava-se um trovador para animar a festa. O cantor atendia aos pedidos e entoava cantos populares. Aos poucos foi se formando um repertório básico bem como um modelo estilizado par descrever as qualidades dos amantes.
• Cânticos culturais - Os cânticos que o antigo Israel entoava diante de seu Deus foram agrupados, salvo algumas exceções, no livro dos Salmos. A classificação desses poemas é complexa, plena de sutilezas e, por conseguinte, impossível de ser exposta nesse estudo, por isso veremos de forma ampla.
SALMOS
A sua classificação
Não há um acordo entre os mais distintos estudiosos dos Salmos, quer quanto ao número de gêneros literários, que quanto às quais Salmos pertencem a qual gênero. Há ainda quem defenda que não se deveria classificá-los. Entretanto para facilitar seu estudo, passemos a observar quanto as suas famílias.
a) Família Hínica
• Hinos propriamente ditos (ou Deus, o Salvador)
• Hinos a Deus, o Criador
• Hinos a Deus, o Rei
• Hinos de Sião
b) Família dos Salmos de Súplica
• Súplica individual
• Súplica coletiva
c) Família de Salmos de confiança e de ação de graças
• Confiança individual
• Confiança coletiva
• Ação de graças individual
• Ações de graças coletiva
• Salmos afins.
d) Família litúrgica
• Salmos de ingresso
• Salmos-requisitória
• Salmos de peregrinação
e) Família Sapiencial
• Salmos sapienciais
• Salmos alfabéticos
f) Família histórica
g) Família de Salmos Régios
h) Salmos de maldição e vindita (Punição legal)
Vejamos algumas famílias
1) Família hínica – Esses Salmos louvam a grandeza e a majestade de Deus. Sua recitação parece ter sido dialogada (solo + coro) e acompanhada ao som de instrumentos musicais. Partindo das características formais, podemos esquematizar esses salmos assim:
1.1 – Introdução – Convite ao Louvor
- Exemplos: 8.2 – 117.1 - 145.1-2; 147.1.7.12
1.2 – Desenvolvimento – Motivações para o Louvor
- Exemplos: 8.3-9; 117.2 a.b; 145.3-20; 147.2-6.8,9,13.
1.3 – Conclusão – Novo convite ao Louvor
- Exemplos: 8.10; 117.2ª; 145.21; 147.20
2) Família de Súplica – Esse grupo é tão numeroso que chega a abranger aproximadamente um terço do Saltério. Alguns estudiosos usam o termo “Lamentações”, mas tal terminologia é imprópria, porque esses cantos propõem algo mais que simples lamentos.
2.1 - Introdução - Invocação ao Senhor
- Exemplos: 54.3-4; 60.3; 71.1-6; 88.2-3
2.2 – Desenvolvimento – Desgraça e súplica
- Exemplos: 54.5-7; 60.4-7; 71.2-21; 88.4-19
2.3 – Conclusão – Um final feliz
- Exemplos: 54.8-9; 60.8-10.11-14; 71.22-14
3) Família dos Salmos de confiança e ação de graças – Trata-se de uma forma intermediária entre a súplica e hino de louvor, com elementos de ambos os gêneros. O voto de ação de graças encontra-se com certa freqüência. Predomina o tom de reconhecimento.
3.1 – Introdução – Invitatório (Que serve para fazer convites.)
- Exemplos: 32.1-2; 124.1-2; 138,1-3.
3.2 – Desenvolvimento
- Exemplos: 32.3-5; 124.3-7; 138.4-7
3.3 – Conclusão
- Exemplos: 32.6-7; 124.8 e 138.8
EXEGESE DO NOVO TEXTAMENTO
Para a maioria dos leitores, o trabalho de pesquisa com textos bíblicos começa sempre com uma tradução comum. O que entendemos como tradução?
A tradução é reprodução escrita do texto grego do Novo Testamento numa língua final e para iniciar o estudo científico da Bíblia importa conhecer os principais problemas das traduções como, por exemplo, os princípios da tradução, a possibilidade e os limites das mesmas, suas características, a finalidade e a utilidade das principais traduções vernáculas.
A boa tradução pressupõe conhecimento exegético do texto a ser traduzido, adquirindo através de longo trabalho como também um excelente conhecimento do idioma dos leitores a que será destinada. Os valores das traduções formais consistem em que proporcionam uma linguagem fundada na própria linguagem bíblica para formular a experiência de fé, baseada nas Sagradas Escrituras.
OS DOCUMENTOS DO NOVO TESTAMENTO
Os escritos do Novo Testamento se utilizaram do grego coiné (comercial), amplamente conhecido e utilizado no século I, como conseqüência do império de Alexandre, o Grande. Esse idioma possuía muitos recursos lingüísticos e precisão técnica, não encontrados no hebraico, o que permitiu uma maior e mais rápida propagação dos textos entre os povos (assim como o inglês moderno, nos tempos atuais). O grego chegou a ser considerado pela Igreja Católica como a língua do Espírito Santo.
PRINCIPAIS MANUSCRITOS
O Novo Testamento tem como característica principal uma imensa quantidade de escritos e evidências externas. Alguns manuscritos, entretanto, merecem destaque. São eles:
Os papiros - produzidos quando o movimento iniciado pelos discípulos de Jesus ainda era ilegal. Datam dos séculos II e III d.C. e constituem valioso testemunho da veracidade do Novo Testamento, pois surgiram a apenas uma geração dos autógrafos originais. Seus representantes mais importantes são:
• p52 ou fragmento de John Rylands (117 - 118 d.C.) - encontrado no Egito, contendo parte do Evangelho de João;
• p45, p46 e p47 ou Papiros Chester Beaty (250 d.C.) - contendo quase todo o Novo Testamento (o p45 contém os Evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos; o p46, a maior parte das cartas de Paulo; e o p47, parte do Apocalipse);
• p66, p72 e p75 ou Papiros de Bodmer (175 - 225 d.C.) - igualmente importantes, incluindo-se entre eles Unciais cuidadosamente impressos e com muita clareza (o p66 contém parte do Evangelho de João e data do ano 200; o fragmento p72 contém cópias de Judas e de I e II Pedro; e o p75 contém a mais antiga cópia do Evangelho de Lucas (175 a.C.).
Os Unciais - manuscritos em caracteres maiúsculos, escritos em velino e pergaminho. Constituem os escritos mais importantes do Novo Testamento, dos séculos III a V. Existem cerca de 297 Unciais, entre eles:
• Códice Vaticano - é o mais antigo dos Unciais (325 - 350 d.C.) e foi desconhecido dos estudiosos bíblicos até 1475, quando foi catalogado na biblioteca do Vaticano; contém a maior parte do Antigo Testamento (versão dos LXX) com os apócrifos e o Novo Testamento em grego;
• Códice Sinaítico (Álefe) - data do século IV e possui poucas omissões;
• Códice Efraimita - originou-se em Alexandria, no Egito, em cerca de 345 d.C.;
• Códice Alexandrino - data do século V;
• Códice Beza ou Cambridge - cerca de 500 d.C.; é o manuscrito bilíngüe mais antigo do Novo Testamento. Foi escrito em grego e latim;
• Os Minúsculos - documentos escritos em caracteres minúsculos que datam dos séculos IX ao XV, somando mais de 4000 documentos, entre manuscritos e lecionários (livros muito utilizados nos cultos da Igreja, que continham textos selecionados da Bíblia para leitura, incluindo o Novo Testamento).
CRÍTICA LITERÁRIA
A critica literária analisa os textos neotestamentários para identificar e reconstruir eventuais fontes utilizadas na redação dos escritos do Novo Testamento, evidenciando-lhes os acentos teológicos e o ambiente vital para sua construção.
Os principais objetivos da critica textual são múltiplos. No caso dos evangelhos sinóticos, busca clarear as relações de interdependência entre os evangelhos e reconstruir-lhes as fontes. No caso do evangelho de João, propõe-se evidenciar as etapas da construção da revelação dada a seu autor, pois, somente nesse evangelho Cristo é descrito de forma imperiosa a sua natureza como Deus.
A crítica literária visa manter a distinção entre as duas fases metodológicas, ela é mais fácil de ser aplicada quando o texto é maior, mais homogêneo e de origem redacional.
A CRÍTICA DA TRADIÇÃO
O estudo dos textos neotestamentários, permite afirmar que antes da sua composição por escrito, circulavam fragmentos orais isolados de vários gêneros, por exemplo: narrativas sobre Jesus, ditos sobre Jesus, fórmulas de fé, etc. Estes fragmentos individuais foram recolhidos em coletâneas ou inseridos como citações em contextos maiores.
A crítica da tradição, ou melhor, do processo de tradição, investiga a pré-história oral dos textos neotestamentários. Pretende redescobrir as modificações que os textos, originalmente em circulação sob a forma de perícopes2 isoladas, sofreram no curso da transmissão oral, como também conhecer os grupos de pessoas responsáveis por tais elaborações.
CRÍTICA DA REDAÇÃO
Os textos neotestamentários percorreram um longo caminho antes de chegarem à forma atual. Foram recolhidas e unificadas diversas tradições heterogêneas. A versão final dos textos remonta a uma reelaboração do texto atribuída à instância que chamamos de “redator”.
A Análise dos escritos neotestamentários segundo o método da crítica/histórica da redação, procura reconstituir a o processo de redação e o papel do redator.
Indícios acerca do redator e de seu modo de proceder
Mesmo em se tratando de composições resultantes da fusão de diversas tradições, os textos permitem deduzir determinados indícios acerca de seu redator e sua contribuição literária e teológica.
A pessoa do redator
Os indícios encontrados são de clareza variável: enquanto Paulo nas suas cartas fala de si com freqüência, os evangelhos não dizem nada sobre seus redatores. Encontramos referencias quanto ao autor em Lc 1.1-4 (ao menos sobre seu modo de proceder e sobre as suas intenções) e nas afirmações de João acerca do discípulo predileto que exerce o papel de testemunha. Dos evangelhos é possível deduzir por via indireta alguma percepção da intenção e da visão teológica do redator. Indícios acerca do autor encontram-se nos escritos dos Padres Apostólicos e junto aos autores eclesiásticos, e em particular Pápias de Hierápolis, Irineu e os Prólogos Antimarcionitas dos evangelhos. Todavia é discutível em que medida tais testemunhos referem a informações independentes dos evangelhos.
A PESQUISA HISTÓRICA
A pesquisa história se distingue das abordagens da crítica literária e da crítica da tradição e da redação, enquanto não analisa somente o desenvolvimento da obra escrita, mas verifica a referência à realidade. A pergunta que se faz: “Como é possível remontar do texto à história com um procedimento metodologicamente correto?”.
Para demonstrar a historicidade dos fatos, os textos são lidos a luz de determinados critérios para apreender em que medida contém informações historicamente confiáveis. Além da peculiaridade dos livros neotestamentários enquanto texto de fé deve ser lembrado que se trata de textos do passado, no qual agem muitos fatores ligados ao momento e ao ambiente da obra.
Os evangelistas usam o termo “parábola” para designar as várias histórias que Jesus contava, ou as comparações que ele fazia; mas precisamos estar atentos, um exame rigoroso revelará que estamos diante de vários tipos de discursos. Observe o quadro abaixo:
HINOS, CONFISSÃO DE FÉ, VÍCIOS E VIRTUDES E A MORAL FAMILIAR
Certamente a origem cristã é fortemente marcada com tons celebrativos. A observação exegética do NT não poderia deixar de observar os diversos modos dessa celebração, a saber:
Hinos – Exceto em Rm 11.33-36, totalmente dedicado a Deus, todos os hinos do NT são cristológicos. Fl 2.6-11; Cl 1.15-20, 1 Tm 3.16; 1 Pe 2.21-24. Estes testos possuem as seguintes características de estilo: uso da 3ª pessoa para descrever a atuação do Cristo, presença de orações que se iniciam com o pronome relativo, palavra sem artigo, construção assintética. A semelhança dos hinos do AT, que têm como referência a atuação histórica de Deus, os hinos do NT descrevem o caminho redentor que Jesus percorreu e que o conduziu à EXALTAÇÃO.
Confissão de Fé – A Igreja primitiva, a celebração do batismo e da eucaristia requer a profissão de fé. Trata-se de uma formulação breve e expressiva daquilo que a comunidade crê (1 Cr 15.3-5; Rm 1.3-4). A diferença dos hinos, os textos desse Gênero não apresentam um estilo laudativo e nem uma estrutura em forma de cântico. Admite-se que, em 1Pe 1.18-21 e 3.18-22, encontramos elementos provenientes de antigas confissões de fé.
Vícios e Virtudes – Tanto nas listas enciclopédicas da tradição sapiencial, textos desse tipo apresentam um elenco de atitudes dignas (virtudes) ou reprováveis (vícios).
a) Vícios – Rm 1.29-31; 1 Co 5.10-11; Gl 5.19-21; 1 Tm 1.9-10; Mc 7.21-22.
b) Virtudes – Gl 5.22-23; Fl 4.8-9; Cl 3.12-14; 2 Pe 1.5-7.
Moral Familiar – São os textos que opinam sobre a ordem doméstica e o comportamento da família cristã, diante do mundo que a rodeia. Quase sempre, são respostas circunstanciais a problemas concretos e situados. Em alguns casos apenas segue-se a moral judeu-helenistica ou mesmo a estóica. Mas que uma legitimação das atitudes propostas, o que temos é uma motivação para assumi-las.
ATOS
A HISTÓRIA, A TRADIÇÃO E A IMPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Em Atos 1.8 o Cristo ressurreto declara o propósito do batismo no Espírito Santo: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". Em virtude de sua localização e ênfase, este versículo parece designar com clareza o objetivo do livro de Atos dos Apóstolos. O livro constitui a principal história do estabelecimento e da extensão da igreja entre judeus e gentios, mediante a gradual localização de centros de influência em pontos destacados do Império Romano, desde Jerusalém até Roma. Além disso, Lucas organiza este material histórico de tal maneira que o progresso do evangelho é de imediato evidente. Trata-se de uma história, cujo objetivo não é apenas narrar, mas edificar. Portanto, podemos considerar os Atos dos Apóstolos como um sermão de caráter histórico acerca do poder cristão: sua fonte e seus efeitos. Sua fonte é o batismo pentecostal com o Espírito Santo, e o efeito é o poder de dar testemunho perante o mundo. Esse testemunho é apresentado como resumo no sermão pentecostal de Pedro dirigido aos membros da dispersão congregados em Jerusalém, e em pormenores progressivas através do restante do livro.
A opinião quase universalmente aceita é que o evangelho segundo Lucas e os Atos têm um autor comum. O autor dos Atos dos Apóstolos começa fazendo referência ao "primeiro tratado" que se interpreta como a primeira prestação ou entrega do mesmo volume histórico, dirigido a Teófilo, a mesma pessoa. Existem pelo menos três argumentos que confirmam a paternidade literária de Lucas: Primeiro, existe a evidência do uso da primeira pessoa plural nas seções l6.10-17; 20.5-15; 21.1-18; 27.1-28, sugerindo que o autor era testemunha ocular, como o foi Lucas. Segundo: há provas de que o escritor era médico. E, terceiro, uma ampla e convincente tradição apóia a paternidade literária de Lucas.
Aparentemente, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito em derredor da época do primeiro encarceramento de Paulo, com cujo relato termina o livro. John H. Gerstner, Doutor em Filosofia e Letras
O quê observar
O livro dos Atos dos Apóstolos necessita por parte do exegeta para a sua melhor compreensão, um olhar aprofundado na historicidade do seu tempo. A de ser observado contando as variações de sua contemporaneidade; aspectos históricos são de profunda relevância para o seu melhor entendimento já que a sua forma também deve ser observada quanto:
a) Delimitação – É necessário observar onde o texto tem inicio e onde termina.
b) Coesão – O que o torna coeso? Como ele completa com o primeiro tratado de Lucas, seu autor. O que lhe confere unidade?
c) Estilo – É necessário verificar como o texto se articula. Trata-se de uma prosa, de uma poesia ou singularmente é um tratado histórico? Quais são as suas relações com outros textos e o que lhe facilitara a sua compreensão?
d) Gênero literário – A que categoria literária o texto se propõe?
O ESTUDO DO LUGAR
É decisivo que se busque localizar o texto na história. Não nos interessa apenas a cronologia, mas entender o ambiente social, econômico, político, religioso e geográfico de onde o texto surgiu e qual foi a sua principal preocupação.
AS CARTAS DE PAULO – SEUS OBJETIVOS E LINGUAGEM
O ministério de Paulo significou vitalidade e abertura da Igreja aos estrangeiros, a divulgação do evangelho a todas as nações e povos, fundando inúmeras comunidades, a partir da sua bravura e disposição a serviço do Evangelho. Sua preocupação era, portanto, prática e pastoral, envolvido com os problemas e busca de soluções para os desafios da época, fundamentou-se na fé cristã, na Bíblia e inspirou-se em Jesus Cristo, transformando-se num teólogo.
A partir do contato com os primeiros grupos cristãos, escreveu muitas cartas para as comunidades cristãs, deixando, em seus escritos, transparecer as situações concretas e suas afirmações contidas nas cartas. Estas cartas contêm conteúdo doutrinal e pastoral importante e fazem parte do cânon do Novo Testamento, com temáticas atuais aos vários contextos dos dois mil anos de história do cristianismo.
Pode-se fotografar diversos retratos de Paulo. Tudo vai depender do método utilizado no momento que se quer interpretar seus textos. Às vezes, a depender do método, previlegiar-se-á um aspecto; Esse autor, apresenta-nos esses retratos da seguinte forma:
CONFORME A FONTE UTILIZADA:
1. O Paulo das cartas autênticas: as cartas proto-paulinas (1 Tessalonicenses, Gálatas, 1 e 2 Coríntios, Romanos, Filipenses e Filemon), isto é, um Paulo escritor e teólogo.
2. O Paulo do conjunto das cartas canônicas: catorze epístolas mais as deuteropaulinas (Efésios, Colossenses e talvez 2 Tessalonicenses), as cartas pastorais: 1 e 2 Timóteo e Tito e, finalmente, Hebreu constitui um escrito à parte.
3. O Paulo dos Atos dos Apóstolos: Lucas, médico e de cultura grega, apresenta um Paulo mais missionário, preocupado mais com a abertura do Evangelho à cultura helenista.
AS CARTAS
As epístolas de apostolo Paulo se subdividem em eclesiásticas, pastorais e algumas dessas cartas foram escritas a partir da sua prisão em Roma. São ao todo 13 Cartas e possivelmente mais a Carta aos Hebreus.
Seus conteúdos versão sobre:
a) Romanos – Compartilhar dons espirituais, conforto mútuo, dar frutos – Seu tema principal: A justiça de deus (1.17).
b) I Coríntios – Política partidária, Incesto, Relacionamento Conjugal, Carne Sacrificada aos Ídolos, Liderança Feminina, Ceia do Senhor, Dons Espirituais e a Ressurreição de Cristo.
c) II Coríntios – Realização apostólica, Defesa do Caráter, Autoridade no Ministério, O Principio Ético-Moral do Ministério, Defesa do Apostolado, Suficiência de Cristo e Apelo ao auto-exame.
d) Gálatas – Sua Comissão, As repreensões e denuncias, O Evangelho é de procedência divina e a Justificação pela fé.
e) Efésios – Santos e fiéis em Cristo, Graça e Paz da parte de Jesus, Benção espiritual, Regiões celestiais, Iluminados os olhos do coração, principados e potestades. Vida – Morte, potestades do ar.
f) Filipenses – Bispos e Diáconos, A vida do Cristão, Modelo do Cristão, Objeto da Fé, A força do Cristão.
g) Colossenses – A oração pelos cristãos, A Glória preeminente de Cristo, O Zelo para com a Igreja, A Vitória do Cristão.
h) I Tessalonicenses – Exortações a Luz das imperfeições na Igreja.
i) II Tessalonicenses - Exortações e Ações de Graças, um mandamento e oração.
As Pastorais
a) I Timóteo – A Ordem Eclesiástica – Falsas Doutrinas, Fábulas e Genealogias, Os falsos mestres.
b) II Timóteo – Apelos e Desafios, Os estímulos para coragem em Face do Sofrimento, Exortação a Lealdade à Palavra de Deus.
c) Tito – As qualificações e os deveres dos Anciãos, A Obra pastoral de um verdadeiro Ministro, Exortações a vida Piedosa.
d) Filemon – Pedido de recebimento de Onésimo como irmão, A aceitação quanto a responsabilidade da dívida de Onésimo, Seus planos.
e) Hebreus (?) – O temor ao Senhor, o Repouso de Deus, Prosseguir até a Perfeição, Correr a Boa carreira, Sacrificios de Louvor. O Sacrifício de Cristo é superior a de todos.
A PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO DE DISCIPULOS
Campanha para a evangelização na época de Jesus e dos Apóstolos
07/12/2006 - Odilom Pedro Scherer
Jesus e os apóstolos levavam vida muito simples mas, no anúncio do Evangelho, havia necessidades bem concretas: transporte, alimentação, hospedagem, locais de reunião... Jesus tinha amigos generosos e aceitou a ajuda de muita gente, que oferecia seu barco para atravessar o lago, casa para acolhê-los, hospedagem e alimentação. Lemos no Evangelho de São Lucas que algumas pessoas do grupo de Jesus e dos discípulos “os ajudavam com seus bens” (Lc 8,3). Jesus e os apóstolos tinham sua “caixa comum” e Judas era quem devia administrá-la ( Jo 13, 28-29); São João observa que ele era ladrão e roubava o que nela se depositava ( Jo 12, 4-6). Jesus envia os 72 discípulos em missão dizendo que “o trabalhador é digno do seu salário” (Lc 10,7).
A primeira comunidade cristã, em Jerusalém, viveu uma experiência extraordinária de partilha de bens, que até hoje faz sonhar com aquilo que seria possível, se a comunidade humana tivesse a coragem de viver a solidariedade e a fraternidade: “Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. (... ). Entre eles ninguém passava necessidades” (At 4, 32.34). Mais adiante, os Atos dos Apóstolos registram mais uma vez: “aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos. Depois era distribuído conforme a necessidade de cada um” (At 4,34). Foram momentos de grande entusiasmo e generosidade e isso atraía a atenção das outras pessoas (cf At 3,42-47; 4,32-37).
Não sabemos por quanto tempo durou esse ideal de vida comunitária e de partilha de bens. O fato é que o egoísmo e vários tipos de discriminação social não tardaram a se manifestar. Os “estrangeiros” queixaram-se que “suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário” (At 6,1). Então os apóstolos instituíram os diáconos para cuidarem da atenção aos pobres e excluídos da comunidade ( At 6,1-6).
Quando a comunidade de Jerusalém, por várias circunstâncias, começou a sofrer necessidades, Paulo organizou uma grande campanha de doações nas comunidades fundadas por ele ( Rm 15,26), a qual bem poderia ser chamada “a primeira campanha da fraternidade”, ou a primeira “campanha para a evangelização”. Ele mesmo deu instruções sobre a maneira de organizar a campanha e a quem confiar o fruto da coleta para que chegasse aos seus devidos destinatários ( 1Co 8 e 9).
Interessante é observar que Paulo manda fazer a coleta no domingo: “Todo primeiro dia da semana cada um separe livremente o que tenha conseguido economizar” (1Co 16,1-2). A recomendação revela que a coleta não era feita de maneira improvisada, nem significava pôr a mão no bolso de maneira irrefletida para “oferecer qualquer coisa”; devia ser um gesto bem consciente, realizado com aquilo que se punha “à parte” e se destinava para esse fim. Por outro lado, o fato de fazer a coleta “no primeiro dia da semana” aproximava-a da celebração da Eucaristia; o encontro da comunidade com o Senhor ressuscitado era também a ocasião da partilha fraterna.
Paulo não deixa de recomendar generosidade nas doações, fazendo alusão a passagens da Escritura: “É bom lembrar: Quem semeia pouco, também colherá pouco; e quem semeia com largueza, colherá com largueza (Pv 11,24). Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria (Pv 22,8). Deus é poderoso para cumular-vos de toda sorte de graças, para que em tudo tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para empregar em alguma boa obra” (2Co 9,6-9).
A partilha fraterna também deve ser sinal de gratidão a Deus e a quem realiza o serviço da evangelização: “Irmãos, pedimos que tenham consideração para com aqueles que se afadigam em dirigi-los no Senhor e admoestá-los” (1Ts 5,12). Quem anuncia o Evangelho comunica e partilha uma riqueza inestimável; por isso, o missionário torna-se também merecedor das atenções e da colaboração da parte de quem recebeu o Evangelho. “Aquele que recebe o ensinamento da Palavra torne quem ensina participante de todos os bens. Não vos iludais, de Deus não se zomba; o que alguém tiver semeado, é isso que vai colher. (...). Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos da família na fé” (Gl 6,6-10).
Paulo não faz referência apenas à partilha generosa dos bens materiais mas também recomenda a oração e todo o apoio ao evangelizador: “Irmãos, certamente vos lembrais dos nossos trabalhos e fadigas. Foi trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, que proclamamos entre vós o Evangelho de Deus” (1Ts 2,9). A oração é uma maneira de associar-se ao trabalho do evangelizador: “Rezem por nós, irmãos, a fim de que a Palavra de Deus se espalhe rapidamente e seja bem recebida, como acontece entre vós” (2Ts 3,1).
Estes poucos textos do Novo Testamento, portanto, mostram que a obra da evangelização e o trabalho da Igreja, desde o início, contaram com o apoio espiritual e material de todos os batizados. Motivados pela preciosidade da fé recebida e pela gratidão a Deus, todos os membros da Igreja são chamados a colaborar, de várias formas, para que o dom do Evangelho também chegue a outras pessoas. Pela Campanha para a Evangelização, a Igreja no Brasil pede aos batizados que apóiem o trabalho dos evangelizadores, a fim de que muitos, recebendo o dom da fé, nele se alegrem e encontrem a vida.
Tirado do boletim da CNBB “Notícias Dia-a-Dia” - Brasília, 23/11/06 - D.Odilo Pedro Scherer - Bispo Auxiliar de S.Paulo
POLÊMICA E APOLOGIA
O movimento cristão surgiu em um ambiente denominado por duas mentalidades antagônicas: O Judaísmo e o Helenismo. Por isso, desde muito cedo precisou encontrar seu espaço. Muitos textos foram escritos para promover e defender o Cristianismo nascente e são considerados “apologéticos”. Por meio deles podemos estabelecer quatro grupos de adversários contra os quais a Igreja primitiva precisou de defender:
a) Judaísmo – Mt 2.15; Mc 8.31; Lc 24.26-27; Gl 3.7-14.
b) Paganismo – At 17.16-34; ICo 1.18; I Jo 5.21; Ap 9.20
c) Império Romano – Lc 23.13-25; Rm 13.1-7; I Pe 2.13-17
d) Outras Formas de Cristianismo – Gl 2.15-21; I Tm 1.6-7, Tt 1.10-12;
I Jo 4.2 – 5.6-8.
Não podemos nos enganar, pensando que essas categorias se excluem mutuamente. Em alguns casos, os argumentos visam simultaneamente a mais de uma desses grupos. Devemos ainda lembrar que os argumentos apologéticos encontrados no NT antecipam a apologética cristã do II século.
CRITICA DA TRADIÇÃO
O problema da Terminologia
Crítica (ou história) da Tradição, das tradições ou dos Motivos Literários? Eis outras questões para os exegetas a cerca das distinções, definições e objetivos. Para alguns diferenciar História/crítica da Tradição é um problema.
Os estudos dos substratos culturais de um texto é denominado de Critica ou História da Tradição. Trata-se de um trabalho que de certa forma é paralelo ao da Crítica dos Gêneros Literários mas com a particularidade de retroceder e incluir também elementos pré-codificados (expressões, imagens, temas e motivos). Os elementos provenientes da tradição podem ser modificados na fase da redação. Sim o redator poderá modificá-lo conforme sua linha Teológica.
O MATERIAL TRADICIONAL
Podemos entender que “Material Tradicional” esta ligado a tradição cultural ou literária que se torna de domínio comum e convencional e que gera vários episódios ou reflexões.
TEMA E TESE
Esses dois temas devem ser tratados conjuntamente a fim de que os distingamos claramente. Ambos são conceitos abstratos (idéias, pensamentos e doutrinas) propostos em dado texto seja ele narrativo, poético ou argumentativo e que exercem o poder de unificação dos elementos distintos e descontínuos. No entanto, enquanto o tema não oferece respostas, mas levanta questões; a tese sugere respostas em vez de problematizar. Em outras palavras, o tema exige do leitor reflexão, a tese pede para ser aceita. No entanto, ambos, tema e tese aparecem sempre juntos:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da história eclesiástica pode o atento estudioso de Teologia observar as inúmeras controvérsias que surgiram no que se referia ao entendimento de alguns textos bíblicos.
Questões foram levantadas a luz os literatos cristãos. A natureza do Cristo, a Cadeira de Pedro, a Salvação perdida ou não, a Justificação, Santificação e Livre-arbítrio. Temas apaixonantes que movimentou a igreja. Homens como Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino e outros tantos examinaram os textos bíblicos minuciosamente, mas como o próprio John Calvino ao final afirmou ao final de sua vida: “- Hoje não tenho certeza de nada a não ser que Jesus que é o detentor da única verdade.”
Tantas foram às discussões, os concílios, as bulas papais. Entendimento em poucos casos; controvérsias em demasio, mas o certo é que ainda nos dias atuais por termos recebidos uma herança contraditória, ainda discutimos sobre a “Espinha na carne” de Paulo, do falar línguas estranhas como principal característica do “Batismo” do Espírito Santo e outros assuntos que a luz da exegese comprometida com a singularidade e verdade da presciência de Deus nos faz confrontar com ávidos aventureiros que fazem a digreção do sentido amplo do amor revelado por Cristo.
Quanto a nós símplices, invoquemos o Espírito Santo para que possamos entender qual a Santa e desejável vocação de Deus para a nossa vida até que cheguemos a estatura de varão perfeito antes aos olhos do mundo e do Criador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
Básica
1. SILVA, Cássio Murilo Dias da Silva. Metodologia de Exegese Bíblica, São Paulo, Paulinas, 2003.
2. FABRIS, Rinaldo. Problemas e perspectivas das ciências Bíblicas. São Paulo: Loyola, 1993.
3. BARRERA, J. Trebolle. A bíblia judaica e a Bíblia Cristã: Introdução á história da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1999.
Complementar
1. MESTERS, C. Por trás das palavras. Uma porta de entrada para o estuda da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1995.
2. GRIFRE, Claude. Crer e Interpretar. A virada hermenêutica da Teologia. Petrópolis; Vozes, 2004.
3. FARIA, J. de Freitas. História de Israel e as pesquisas mais recentes. Petrópolis: Vozes, 2003.
4. DONNER Harold. A história de Israel, Vol. I e II São Leopoldo: Sinodal, 2003.
ELPIDIO BARROS AFFONSO
“Digo a Deus e aos homens: Aquilo que não sei, Tu me ensinas!
John Wesley, 1747
INDICE Pág.
EXEGESE 7
HOMILÉTICA 8
EXEGESE 10
COMPARAÇÕES, PARABOLAS, ALEGORIAS E FÁBULAS 11
MANUSCRITOS DA BÍBLIA 12
A LINGUAGEM BEM DEFINIDA DA BÍBLIA
OBSERVAMOS OS VÁRIOS MOMENTOS 32
COMO SE FAZ EXEGESE 39
DIACRONIA 40
CRITICA DA CONSTRUÇÃO DO TEXTO 43
CRITICA DA REDAÇÃO 47
EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 49
SALMOS 61
EXEGESE DO NOVO TESTAMENTO 65
OS DOCUMENTOS DO NOVO TESTAMENTO 65
CRITICA LITERÁRIA 69
CRITICA DA TRADIÇÃO 70
PESQUISA HISTÓRIA 72
ATOS 74
AS CARTAS DE PAULO 76
A PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO 80
POLÊMICA E APOLOGIA 85
CRITICA DA TRADIÇÃO 86
CONSIDERAÇOES FINAIS 88
REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS 89
EXEGESE
É o estudo cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o significado original que foi pretendido. É a tentativa de interpretar conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; de tentar descobrir qual era a intenção original das palavras da Bíblia.
Exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado. A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.
HERMENÊUTICA
Consiste num conjunto de regras que permitem determinar o sentido literal do objeto de estudo, no caso, a Bíblia.
Hermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos escritos. A palavra deriva do nome do deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuíam a origem da linguagem e da escrita e considerado o patrono da comunicação e do entendimento humano.
O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Alguns defendem que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega Hermes. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da Bíblia. Spinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.
Outros dizem que o termo "Hermenêutica" deriva do grego "ermēneutikē" que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos poéticos ou religiosos, especialmente da Ilíada e da "Odisséia"; "interpretação" do sentido das palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.
Hermes é tido como patrono da hermenêutica por ser considerado patrono da comunicação e do entendimento humano; Paul Ricoeur visa superar esta dicotomia. Para ele, compreender um texto é encadear um novo discurso no discurso do texto. Isto supõe que o texto seja aberto. Ler é apropriar-se do sentido do texto. De um lado não há reflexão sem meditação sobre os signos; do outro, não há explicação sem a compreensão do mundo e de si mesmo.
HOMILÉTICA
A Homilética é ciência que ensina como preparar e comunicar sermões, a arte de pregar. A Homilética é um instrumento que ajuda o pregado a organizar os pensamentos de tal forma que facilita a exposição do sermão, porém de forma alguma anulará a inspiração do Espírito Santo. A preleção nos possibilita diferentes formas e possibilidades de elocução Homilética. Ela envolve toda a pregação e a liturgia do culto. "O conhecimento da forma ao corpo do sermão, enquanto que a unção do Espírito é a vida deste corpo" II Pe 3.18.
A palavra Homilética vem do grego, "homiletike", e significa ensino, conversa assim nos dias apostólicos a pregação cristã era feita nas casas em forma de conversação.
É preciso atentar que pregar não é apenas fazer discurso, mas é falar em nome daquele que nos enviou – Deus I Co 1.21; Is 52.7; Rm 10.15. O conceito bíblico de pregação é o anuncio das Boas Novas do Evangelho. Para a proclamação do kerigma, isto é, da mensagem que deve ser obtida na dependência do Espírito Santo, sabendo-se que, quem prega fala da parte de Deus. Outra questão relevante refere-se à vida do pregador. Aquele que prega necessita que sua vida seja coerente com aquilo que ele fala. Segundo Josué Gonçalves "VIVER PREGANDO E PREGAR VIVENDO", as nossas atitudes dizem muito mais que nossas palavras. A credibilidade e a autoridade do pregador esta no viver o que prega e isto significa que primeiro a mensagem fez efeito na nossa vida e podemos falar com convicção, ser testemunha, oferecer algo provado e aprovado, caso contrário corremos o risco de agir com hipocrisia. Por exemplo, um pregador ministra sobre harmonia familiar e a palavra não condiz com sua vida prática, corre o risco de ser desacreditado.
Além disso, para ser bem sucedido neste ministério é preciso ser chamado por Deus, isto é, vocacionado para esta obra Ef 4.11 "Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres". Todos os salvos foram chamados com uma vocação, porém existe a chamada especifica. Para ser um bom obreiro é preciso compreender sua chamada e a sua vocação.
Em resumo: a) É o estudo dos fundamentos e princípios de como preparar e proferir sermões. b) É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão. c) É a arte do preparo e pregação de sermões.
EXEGESE
É a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado.
A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.
Por isso, o termo exegese significa, como interpretação, revelar o sentido de algo ligado ao mundo do humano, mas a prática se orientou no sentido de reservar a palavra para a interpretação dos textos bíblicos.
Exegese, portanto, é a denominação que se confere à interpretação das Sagradas Escrituras desde o século II da Era Cristã. Orígenes, cristão egípcio que escreveu nada menos que 600 obras, defendia a interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam, nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo. O termo exegese restou ligado à interpretação alegórica, ensejando abusos de interpretação, a ponto de alguns autores afirmarem, ironicamente, que a Bíblia seria um livro onde cada qual procura o que deseja e sempre encontra o que procura.
Ser exegeta é aplicar o texto no contexto cultural da época do texto lido e extrair os princípios morais e culturais para o tempo presente.
COMPARAÇÕES, PARABOLAS, ALEGORIAS E FÁBULAS
É um grupo de frases atribuídas a Jesus em seus discursos.
COMPARAÇÃO PARÁBOLA ALEGORIA FÁBULA
* Pode ser uma única frase *É uma comparação
Desenvolvida em forma *Também é uma comparação *É uma frase ou uma
de história. ampliada da história História.
* Cada imagem mantém
seu significado próprio * Seu sentido não está
em cada elemento. *Cada Elemento perde
Seu significado *Os personagens são
o sentido esta no todo. original e torna-se animais ou plantas, com um significado
simbólico; ou seja,
o sentido está em nitidamente
cada elemento. simbólico
*Trata-se de um fato
comum, acontece sempre, *Narra-se em fato
particular, não * O fato narrado não
Tomado como exemplar rotineiro, mas verossímil. necessariamente é
Verossímil.
*Muitas parábolas
começam com uma * Não utiliza a fórmula
de comparação
fórmula de comparação: ("como") e sim a
Cópola ("e"). ("são")
"é como" "...é semelhante" fazendo com que
seu significado se
torne quase
metafísico.
* Quer persuadir, isto
é atingir a vontade, * Quer convencer,
isto é, atingir *Quer mais atingir os
e levar a platéia a a inteligência, e sentimentos e a sua
comparar a sua própria
situação transmitir um ensinamento. finalidade é a instrução,
com o narrado. a critica ou a sátira.
Pv. 10.26, 26.1; Ec 7.6; Lc 8.16 2 Sm 12.1-4; Is 5.1-7;
Lc 15.4-7 Ec 12.1-7; Mc 12.1-11; Jz 9.8-15; 2 Rs 14.9
Mt 13.3-9 Mt 13.24-30, 36-43.
MANUSCRITOS DA BÍBLIA
As Escrituras Sagradas têm origem sobre-humana no que se refere ao conteúdo, mas têm uma história humana no que se refere à sua escrita e preservação. Moisés começou a compilação delas sob inspiração divina em 1513 a.C, e o apóstolo João escreveu a parte final mais de 1.600 anos depois. A Bíblia, originalmente, não era um só livro, mas, com o passar do tempo, surgiu uma demanda de cópias dos seus diversos livros. Por exemplo, era assim depois do exílio babilônico, porque nem todos os judeus libertos retornaram à terra de Judá. Antes, muitos se estabeleceram em outros lugares, e no vasto território da resultante Diáspora (Dispersão) judaica surgiram sinagogas. Escribas prepararam cópias das Escrituras, necessitadas por essas sinagogas em que os judeus se reuniam para ouvir a leitura da Palavra de Deus. (At 15.21 Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o preguem, e cada sábado é lido nas sinagogas.) Em tempos posteriores, entre os seguidores de Cristo, copistas conscienciosos labutaram para reproduzir os escritos inspirados em benefício das congregações cristãs que se multiplicavam, para que houvesse um intercâmbio e uma circulação geral deles. — Cl 4.16 Depois que for lida esta carta entre vós, fazei que o seja também na igreja dos laodicenses; e a de Laodicéia lede-a vós também..
Antes de se tornar comum a impressão com tipos móveis (a partir do século 15 d.C.), os escritos originais da Bíblia e também as cópias eram feitos a mão. Por isso são chamados de manuscritos (do latim: manu scriptus, “escritos a mão”). O manuscrito bíblico é uma cópia das Escrituras, inteiras ou em parte, feita a mão, distinta de uma cópia impressa. Os manuscritos bíblicos foram preparados principalmente na forma de rolos e de códices1.
MATERIAIS
Há manuscritos em couro, papiro e velino das Escrituras. O famoso Rolo do Mar Morto de Isaías, por exemplo, é um rolo de couro. O papiro, um tipo de papel feito das fibras duma planta aquática e foi usado para manuscritos bíblicos nas línguas originais e traduções dos mesmos até por volta do quarto século d.C. Naquele tempo, seu uso para manuscritos bíblicos passou a ser suplantado pelo uso do velino2, um pergaminho fino, em geral feito de pele de bezerro, cordeirinho ou cabra, um aperfeiçoamento do uso anterior de peles de animais como material de escrita. Manuscritos tais como o famoso Codex Sinaiticus (Manuscrito Sinaítico) e o Codex Vaticanus (Manuscrito Vaticano N.° 1209), do quarto século d.C., são códices em pergaminho, ou velino.
Palimpsesto (lat.: palimpsestus; gr.: pa•lím•pse•stos, que significa “raspado novamente”) é o manuscrito do qual se apagou ou raspou a escrita anterior para possibilitar uma nova escrita. Um famoso palimpsesto bíblico é o Codex Ephraemi Syri rescriptus do quinto século d.C. Caso a escrita anterior (a escrita raspada) seja a importante no palimpsesto, freqüentemente os peritos conseguem ler esta escrita apagada por recorrer a meios técnicos, que incluem o uso de reagentes químicos e fotografia. Alguns manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs são lecionários (Livro que contém as lições ou leituras inscritas no ofício divino), leituras bíblicas escolhidas para uso em serviços religiosos.
ESTILOS DE ESCRITA
Os manuscritos bíblicos escritos em grego (quer traduções das Escrituras Hebraicas, quer cópias das Escrituras Gregas Cristãs, ou ambas) podem ser divididos, ou classificados, segundo o estilo de escrita, o que ajuda também a datá-los. O estilo mais antigo (empregado especialmente até o nono século EC) é o manuscrito uncial, escrito em grandes letras maiúsculas, separadas. Nele não costuma haver separação de palavras, e faltam pontuação e acentos. O Códice Sinaítico é tal manuscrito uncial3. Mudanças no estilo de escrita começaram a surgir no sexto século, o que eventualmente levou (no nono século d.C) ao manuscrito cursivo, ou em minúsculas, escrito em letras menores, muitas delas emendadas num estilo de escrita corrente ou fluente. A maioria dos manuscritos existentes das Escrituras Gregas Cristãs tem escrita cursiva. Os manuscritos cursivos permaneceram em voga até a invenção da imprensa.
COPISTAS
Tanto quanto se sabe hoje, não existe mais nenhum manuscrito original, ou autógrafo. Todavia, a Bíblia tem sido preservada em forma exata, fidedigna, porque os copistas bíblicos, em geral, por aceitarem as Escrituras como divinamente inspiradas, procuravam a perfeição no seu trabalho árduo de produzir cópias manuscritas da Palavra de Deus.
1 – códice - [Do lat. codice.] E. Ling. Forma característica do manuscrito em pergaminho, semelhante à do livro moderno, e assim denominada por oposição à forma do rolo.
2 – velino - [Do fr. vélin.] - 1.Pergaminho fino, preparado com a pele de animais recém-nascidos ou natimortos.
Os homens que copiavam as Escrituras Hebraicas nos dias do ministério de Jesus Cristo na terra, e durante séculos antes daquele tempo, eram chamados de escribas (hebr.: soh•ferím). Entre os primitivos escribas estava Esdras, mencionado nas Escrituras como “copista destro”. (Ed 7. 6 ...este Esdras subiu de Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus de Israel tinha dado; e segundo a mão de Senhor seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.)
Escribas posteriores fizeram algumas alterações deliberadas no texto hebraico. Mas os escribas que os sucederam, os massoretas, as descobriram e registraram na Massorá4, ou nas notas nas margens do texto hebraico, massorético, que produziram.
Os copistas das Escrituras Gregas Cristãs também fizeram sérios esforços para reproduzir com fidelidade o texto das Escrituras.
QUE GARANTIA HÁ DE QUE A BÍBLIA NÃO FOI ALTERADA?
Apesar do cuidado dos copistas dos manuscritos da Bíblia, introduziram-se no texto alguns pequenos erros e alterações de escribas. Em geral, são insignificantes e não alteram a integridade geral da Bíblia. Foram descobertos e corrigidos por meio de cuidadosa colação erudita ou comparação crítica dos muitos manuscritos e versões antigos existentes. O estudo crítico do texto hebraico das Escrituras começou perto do fim do século 18. Benjamin Kennicott publicou em Oxford (em 1776-1780) o texto de mais de 600 manuscritos hebraicos, massoréticos, e o perito italiano Giambernardo de Rossi publicou em Parma as comparações de 731 manuscritos, entre 1784 e 1798. Textos padrões das Escrituras Hebraicas foram também produzidos pelo perito alemão Baer, e, mais recentemente, por C. D. Ginsburg. Rudolf Kittel, hebraísta, lançou em 1906 a primeira edição da sua Biblia Hebraica, fornecendo nela um estudo textual por meio de notas de rodapé, que comparam muitos manuscritos hebraicos do texto massorético. O texto básico usado por ele foi o texto de Ben Chayyim. Mas, quando os mais antigos e superiores textos massoréticos de Ben Asher se tornaram disponíveis, Kittel empreendeu a produção de uma terceira edição, inteiramente nova, que após a sua morte foi completada por seus colegas.
As 7.a, 8.a e 9.a edições da Biblia Hebraica (1951-1955) forneceram o texto básico usado na tradução das Escrituras Hebraicas para o inglês. Uma nova edição do texto hebraico, a saber, a Biblia Hebraica Stuttgartensia, data de 1977.
A primeira edição impressa das Escrituras Gregas Cristãs foi a que apareceu na Poliglota Complutense (em grego e latim), de 1514-1517. Daí, em 1516, o perito holandês Desidério.
Erasmo publicou a primeira edição dum texto grego padrão das Escrituras Gregas Cristãs. Este continha muitos erros, mas um texto melhorado delas tornou-se disponível por meio de edições sucessivas, entre 1519 e 1535. Mais tarde, o impressor e editor parisiense Robert Estienne, ou Stephanus, publicou diversas edições do “Novo Testamento” grego, baseadas principalmente no texto de Erasmo, mas com correções segundo a Poliglota Complutense (edição de 1522) e 15 manuscritos posteriores. A terceira edição do texto grego de Stephanus (publicado em 1550) tornou-se, na realidade, o “Texto Recebido” (chamado em latim de textus receptus), usado para muitas das primeiras versões em inglês, inclusive a King James Version (Versão Rei Jaime) de 1611.
Bastante notável, em tempos mais recentes, é o texto grego padrão preparado por J. J. Griesbach, que se valeu da matéria coletada por outros, mas que também deu atenção às citações bíblicas feitas por escritores anteriores, tais como Orígenes. Além disso, Griesbach estudou os textos de diversas versões, tais como a armênia, a gótica e a filoxeniana. Ele considerava os manuscritos existentes como constituindo três famílias, ou recensões, a bizantina, a ocidental e a alexandrina, dando preferência aos textos desta última. Lançaram-se edições do seu texto grego padrão entre 1774 e 1806, publicando-se a edição principal do inteiro texto grego em 1796-1806. O texto de Griesbach foi usado para a tradução inglesa de Sharpe, de 1840, e é o texto grego constante em The Emphatic Diaglott (A Diaglott Enfática), de Benjamin Wilson, de 1864.
Um texto grego padrão das Escrituras Gregas Cristãs que obteve ampla aceitação é o produzido em 1881 pelos peritos B. F. Westcott e F. J. A. Hort, da Universidade de Cambridge. Era o produto de 28 anos de trabalho independente, embora se consultassem regularmente. Assim como Griesbach, eles dividiram os manuscritos em famílias e se estribaram fortemente no que classificaram de “texto neutro”, que incluía o famoso Manuscrito Sinaítico e o Manuscrito Vaticano N.° 1209, ambos do quarto século EC. Embora Westcott e Hort considerassem as questões como bastante conclusivas quando esses manuscritos concordavam, e especialmente quando eram apoiados por outros antigos manuscritos unciais, eles não se limitaram a esta posição. Tomaram em consideração todos os fatores concebíveis no empenho de solucionar problemas apresentados por textos conflitantes; e quando duas versões tinham peso igual, eles indicaram isso também no seu texto padrão.
O Professor Kurt Aland, comentando a história do texto das Escrituras Gregas Cristãs e os resultados da moderna pesquisa textual, escreveu:
“É possível determinar, à base de 40 anos de experiência e dos resultados que vieram à luz no exame de . . . manuscritos em pelo menos 1.200 pontos de teste: O texto do Novo Testamento foi transmitido de modo excelente, melhor do que quaisquer outros escritos dos tempos antigos; a possibilidade de ainda se encontrarem manuscritos que alterariam decisivamente seu texto é nula.” — Das Neue Testament — zuverlässig überliefert (O Novo Testamento — Transmitido Fidedignamente), Stuttgart, 1986, pp. 27, 28.
Os manuscritos existentes das Escrituras Cristãs (em grego e em outras línguas) mostram variantes de texto. É de esperar que haja variantes em vista da imperfeição humana, e do copiar e recopiar manuscritos, especialmente por muitos copistas que não eram profissionais.
3 – Uncial – Substantivo feminino. Diz-se da, ou a escrita livresca maiúscula latina, usada do IV ao VI século, e caracterizada pelo arredondamento de várias letras e existência de algumas minúsculas. [O nome, depois também aplicado à escrita grega de traçado análogo, foi empregado pela vez primeira por S. Jerônimo, em passagem que permite várias interpretações, sendo a mais corrente justamente a mais improvável: a que se refere à altura das letras, que mediriam uma polegada (úncia). V. semi-uncial.]
4 – Massorá - [Do hebr. massorat, ‘tradição’.] - Substantivo feminino. O conjunto dos comentários críticos por doutores judeus.e gramaticais acerca da Bíblia (sobretudo o Velho Testamento).
Quando certos manuscritos tiveram um manuscrito comum por base, talvez procedendo duma determinada revisão de textos anteriores, ou foram produzidos em determinada região, eles provavelmente têm pelo menos algumas variações em comum, e, por isso, se diz que pertencem à mesma família, ou grupo.
À base da similaridade de tais diferenças, os peritos têm procurado classificar os textos em grupos, ou famílias, cujo número tem aumentado com o passar do tempo, a ponto de se fazer agora referência aos textos alexandrino, ocidental, oriental (siríaco ou cesariano) e bizantino, representados em diversos manuscritos ou em diferentes leituras espalhadas em numerosos manuscritos. Mas, apesar das variações peculiares a diferentes famílias de manuscritos (e das variações dentro de cada grupo), as Escrituras nos foram transmitidas essencialmente na mesma forma dos originais escritos inspirados. As variações na leitura não influem nos ensinos bíblicos em geral. As colações eruditas têm corrigido os erros de importância, de modo que hoje temos um texto autêntico e fidedigno.
Desde que Westcott e Hort produziram seu texto grego refinado, já se produziram diversas edições críticas das Escrituras Gregas Cristãs. Notável entre elas é The Greek New Testament (O Novo Testamento Grego), publicado pelas United Bible Societies (Sociedades Bíblicas Unidas), agora já na terceira edição. De fraseologia idêntica é a 26.a edição do chamado texto Nestle-Aland, publicado em 1979 em Stuttgart, na Alemanha.
MANUSCRITOS DAS ESCRITURAS HEBRAICAS
Existem hoje, em diversas bibliotecas, possivelmente 6.000 manuscritos das inteiras Escrituras Hebraicas ou de partes delas. A vasta maioria deles contém o texto massorético e é do décimo século d.C, ou de época posterior. Os massoretas (da segunda metade do primeiro milênio d.C.) procuravam transmitir fielmente o texto hebraico e não fizeram nenhuma mudança na fraseologia do próprio texto. Todavia, para preservar a tradicional pronúncia do texto consonantal sem vogais, inventaram um sistema de sinais vocálicos e de acentos. Além disso, na sua Massorá, ou notas marginais, trouxeram à atenção peculiaridades do texto e forneceram as leituras corrigidas que acharam necessárias. É o texto massorético que é publicado nas Bíblias hebraicas impressas hoje em dia.
Os manuscritos danificados das Escrituras Hebraicas usadas nas sinagogas judaicas eram substituídos por cópias verificadas, e os manuscritos estragados ou danificados eram guardados na genizá (depósito ou repositório na sinagoga). Por fim, quando esta estava cheia, os manuscritos eram retirados e cerimonialmente queimados. Sem dúvida, muitos dos antigos manuscritos pereceram assim. Mas o conteúdo da genizá da sinagoga no Antigo Cairo foi poupado, provavelmente porque fora fechada por um muro e esquecida por séculos. Depois da reconstrução da sinagoga, em 1890 d.C, os manuscritos da sua genizá foram reexaminados, e dali é que manuscritos razoavelmente completos ou fragmentos das Escrituras Hebraicas (alguns supostamente do sexto século d.C.) chegaram a diversas bibliotecas.
Um dos mais antigos manuscritos existentes de passagens bíblicas é o Papiro Nash, encontrado no Egito e preservado em Cambridge, na Inglaterra. Tendo sido evidentemente parte duma coleção de instrução, ele é do segundo ou primeiro século d.C e consiste em apenas quatro fragmentos de 24 linhas dum texto pré-massorético dos Dez Mandamentos e de alguns versículos de Deuteronômio, capítulos 5 e 6.
A partir de 1947, encontraram-se muitos rolos bíblicos e não-bíblicos em diversas áreas ao O do mar Morto, que geralmente são chamados de Rolos do Mar Morto. Os mais significativos entre eles são os manuscritos descobertos em diversas cavernas no uádi Qumran (Nahal Qumeran) e nos arredores. Estes são também conhecidos como textos de Qumran e evidentemente pertenciam a uma comunidade religiosa, judaica, sediada na vizinha Khirbet Qumran (Horvat Qumeran). A primeira descoberta foi feita por um beduíno numa caverna a uns 15 km ao Sul de Jericó, onde ele encontrou diversos jarros de cerâmica contendo manuscritos antigos. Um destes era o agora famoso Rolo do Mar Morto de Isaías), um bem preservado rolo de couro de todo o livro de Isaías, exceto algumas lacunas. Contém um texto hebraico pré-massorético e foi datado como pertencente ao fim do segundo século d.C. Portanto, é cerca de mil anos mais velho do que os mais antigos manuscritos existentes do texto massorético.
Todavia, embora apresente algumas diferenças na grafia e na construção gramatical, não varia doutrinalmente do texto massorético. Entre os documentos recuperados na área de Qumran há fragmentos de mais de 170 rolos, representando partes de todos os livros das Escrituras Hebraicas, exceto Ester, e no caso de alguns livros, existe mais de uma cópia. Acredita-se que estes rolos e fragmentos de manuscritos datem desde cerca de 250 a.C., até aproximadamente meados do primeiro século d.C, e revelam mais de um tipo de texto hebraico, tal como um texto protomassorético ou um usado para a Septuaginta grega. Os estudos de toda esta matéria ainda estão em progresso.
Entre os notáveis manuscritos hebraicos em velino, das Escrituras Hebraicas, encontra-se o Códice Caraíta do Cairo dos Profetas. Contém a Massorá e vocalização, e seu colofão (livros impressos até o séc. XVI, quando aparece o rosto , fórmula indicativa do nome do impressor, título da obra, lugar da impressão, dia, mês e ano em que a impressão foi acabada, e seguida, por vezes, da marca do impressor, ger. estampada no final da última página) indica que foi completado por volta de 895 d.C., pelo famoso massoreta Moses ben Asher de Tiberíades.
Outro manuscrito significativo (de 916 d.C.) é o Códice dos Profetas Posteriores de Petersburgo. O Códice Sefárdico de Alepo, antigamente guardado em Alepo, Síria, e agora em Israel, até recentemente continha todas as Escrituras Hebraicas. Seu original texto consonantal foi corrigido, pontuado e suprido da Massorá por volta de 930 EC por Aaron ben Asher, filho de Moses ben Asher. O manuscrito de data mais antiga das inteiras Escrituras Hebraicas em hebraico é o Manuscrito de Leningrado N.° B 19A, preservado na Biblioteca Pública de Leningrado. Foi copiado em 1008 EC “dos livros corrigidos, preparados e anotados por Aaron ben Moses ben Asher, o instrutor”. Outro manuscrito hebraico digno de nota é um códice do Pentateuco, preservado no Museu Britânico (Códice Oriental 4445), que consiste no texto de Gn 39:20 a Dt 1:33 (com exceção de Núm 7:46-73 e 9:12–10:18, que faltam ou foram supridos por uma mão posterior) e data provavelmente do século 10 d.C..
Muitos manuscritos das Escrituras Hebraicas da Bíblia foram escritos em grego. Entre estes, destaca-se um na coleção dos Papiros Fouad (Número de Inventário 266, pertencente à Société Egyptienne de Papyrologie, Cairo), com partes de Gênesis e da segunda metade de Deuteronômio, segundo a Septuaginta. Ele é do primeiro século d.C., e apresenta, em diversos lugares, o nome divino em caracteres hebraicos quadrados escrito dentro do texto grego. Fragmentos de Deuteronômio, capítulos 23 a 28, são encontrados no Papiro Rylands iii. 458, do segundo século d.C, preservado em Manchester, Inglaterra. Outro importante manuscrito da Septuaginta contém fragmentos de Jonas, Miquéias, Habacuque, Sofonias e Zacarias. Neste rolo de couro, datado do fim do primeiro século EC, o nome divino é apresentado na forma do Tetragrama, escrito em caracteres hebraicos antigos.
MANUSCRITOS DAS ESCRITURAS GREGAS CRISTÃS
As Escrituras Cristãs foram escritas em coiné (Língua comum, baseada no dialeto ático e adotada pelos gregos e por habitantes dos países da parte oriental do Mediterrâneo, a partir do séc. IV a.C.). Embora não se saiba hoje da existência de nenhum manuscrito autógrafo original, segundo certo cálculo, existem cerca de 5.000 cópias manuscritas destas Escrituras em grego, na íntegra ou em parte.
MANUSCRITOS EM PAPIRO
Entre os códices em papiro encontrados no Egito por volta de 1930 encontravam-se papiros bíblicos de grande importância, anunciando-se a sua compra em 1931. Alguns destes códices em grego (datando do segundo ao quarto séculos EC) consistem em partes de oito livros das Escrituras Hebraicas (Gênesis, Números, Deuteronômio, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Ester), e três deles contêm partes de 15 livros das Escrituras Gregas Cristãs. A maioria destes papiros bíblicos foi comprada por um colecionador americano de manuscritos, A. Chester Beatty, e eles são agora preservados em Dublim, na Irlanda. Os demais foram adquiridos pela Universidade de Michigan e por outros.
A designação internacional para os papiros bíblicos é um “P” maiúsculo, seguido por um pequeno número elevado. O Papiro Chester Beatty N.° 1 consiste em partes de 30 folhas dum códice que provavelmente tinha antigamente cerca de 220 folhas. O P45 tem partes dos quatro Evangelhos e o livro de Atos. O Papiro Chester Beatty N.° 3 é um códice fragmentário de Revelação (Apocalipse) de dez folhas um pouco danificadas. Acredita-se que estes dois papiros sejam do terceiro século EC. Bastante digno de nota é o Papiro Chester Beatty N.° 2 que se acredita ser de aproximadamente 200 d.C. Tem 86 folhas, um pouco danificadas, dum códice que provavelmente tinha de início 104 folhas, e ainda contém nove das cartas inspiradas de Paulo: Romanos, Hebreus, Primeira Coríntios, Segunda Coríntios, Efésios, Gálatas, Filipenses, Colossenses e Primeira Tessalonicenses. É notável que a carta aos hebreus esteja incluída neste primitivo códice. Visto que Hebreus não fornece o nome do escritor, sua composição por Paulo freqüentemente tem sido questionada. Mas a inclusão desta carta que evidentemente consiste só nas cartas de Paulo, indica que, por volta de 200 d.C, Hebreus era aceito pelos primitivos cristãos como escrita inspirada do apóstolo Paulo. Neste códice consta a carta aos Efésios, também refutando argumentos de que Paulo não escreveu esta carta.
Na Biblioteca John Rylands, em Manchester, na Inglaterra, existe um pequeno fragmento de papiro do Evangelho de João (alguns versículos do capítulo 18), catalogado como Papiro Rylands 457. Tem a designação internacional de P52. Trata-se do mais antigo fragmento de manuscrito das Escrituras Gregas Cristãs em existência, tendo sido escrito na primeira metade do segundo século, possivelmente por volta de 125 d.C, e assim apenas cerca de um quarto de século depois da morte de João. Estar uma cópia do Evangelho de João já naquele tempo em circulação no Egito (lugar da descoberta do fragmento) mostra que as boas novas segundo João realmente foram registradas no primeiro século d.C, e pelo próprio João, não por algum escritor desconhecido bem mais tarde, no segundo século d.C, após a morte de João, conforme alguns críticos antigamente afirmavam.
O acréscimo mais importante à coleção de papiros bíblicos, desde a descoberta dos Papiros Chester Beatty, foi a adquisição dos Papiros Bodmer, publicados entre 1956 e 1961. Especialmente dignos de nota são o Papiro Bodmer 2 e o Papiro Bodmer 14, 15 ambos escritos por volta de 200 d.C. O Papiro Bodmer 2 contém uma grande parte do Evangelho de João, ao passo que o Papiro Bodmer 14, 15 contém muito de Lucas e de João, e textualmente é bem parecido ao Manuscrito Vaticano N.° 1209.
MANUSCRITOS EM VELINO
Manuscritos bíblicos escritos em velino às vezes incluem tanto as Escrituras Hebraicas como as Escrituras Gregas Cristãs da Bíblia, embora alguns contenham apenas as Escrituras Cristãs.
O Códice Bezae, designado pela letra “D”, é um valioso manuscrito do quinto século d.C. Embora se desconheça seu verdadeiro lugar de origem, foi adquirido na França em 1562. Contém os Evangelhos, o livro de Atos, e apenas mais uns poucos versículos, e é um manuscrito uncial, escrito em grego nas páginas da esquerda, com um texto paralelo em latim nas páginas à direita. Este códice é preservado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, presenteado a esta instituição por Theodore Beza, em 1581.
O Códice Claromontano também está escrito em grego e em latim em páginas opostas, o grego à esquerda e o latim à direita. Contém as cartas canônicas de Paulo, inclusive Hebreus, e é considerado ser do sexto século. Foi supostamente encontrado no mosteiro de Clermont, na França, e foi adquirido por Theodore Beza, mas é agora preservado na Bibliothèque Nationale em Paris.
Entre os mais recentemente encontrados manuscritos em velino das Escrituras Gregas Cristãs está o Códice Washington I, contendo os Evangelhos em grego (na costumeira ordem ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos). Foi obtido em 1906 no Egito e é preservado na Galeria de Arte Freer, em Washington, D.C., EUA. O símbolo internacional deste códice é “W”, e acha-se que foi escrito no quinto século d.C, exceto que, pelo visto, por causa de danos, parte de João foi substituída no sétimo século d.C. O Códice Washington II, com o símbolo “I”, também se encontra na Coleção Freer e contém partes das cartas canônicas de Paulo, inclusive Hebreus. Acredita-se que este códice tenha sido escrito no quinto século d.C.
ESCRITURAS HEBRAICAS E GREGAS CRISTÃS
Os mais importantes e mais completos manuscritos bíblicos em grego existentes foram escritos em velino, com letras unciais.
MANUSCRITO VATICANO N.° 1209
O Manuscrito Vaticano N.° 1209 (Codex Vaticanus), internacionalmente designado pelo símbolo “B”, é um códice uncial do quarto século d.C, possivelmente produzido em Alexandria, que originalmente continha toda a Bíblia em grego. Um revisor em tempos posteriores retraçou as letras, talvez porque a escrita original tinha desbotado, mas pulou letras e palavras que considerava incorretas. É provável que este códice tinha originalmente cerca de 820 folhas, das quais restam 759. Desapareceu a maior parte de Gênesis, bem como parte dos Salmos, Hebreus 9.14 a 13.25, e toda a Primeira e Segunda Timóteo, Tito, Filêmon e Apocalipse. O Codex Vaticanus está sendo preservado na Biblioteca do Vaticano, em Roma, na Itália, e sabe-se que está ali já desde o século 15. Todavia, as autoridades da Biblioteca do Vaticano tornaram extremamente difícil aos peritos o acesso a este manuscrito e só publicaram um fac-símile fotográfico completo do códice inteiro em 1889-1890.
MANUSCRITO SINAÍTICO
O Manuscrito Sinaítico (Códice Sinaítico) também é do quarto século EC, mas o Códice Vaticano talvez seja um pouco mais antigo. O Manuscrito Sinaítico é designado pelo símbolo א (´á•lefe, a primeira letra do alfabeto hebraico), e embora seja evidente que outrora continha toda a Bíblia em grego, perdeu-se parte das Escrituras Hebraicas. Todavia, contém todas as Escrituras Gregas Cristãs. É provável que este códice consistisse originalmente em pelo menos 730 folhas, embora se verifique hoje que existem por inteiro ou em partes apenas 393 folhas. Foi descoberto (uma parte em 1844 e outra em 1859) pelo perito bíblico Konstantin von Tischendorf no Mosteiro de Sta. Catarina, no monte Sinai. Quarenta e três folhas deste códice estão guardadas em Leipzig, partes de três folhas se encontram em Leningrado, e 347 folhas são preservadas no Museu Britânico em Londres. Relatou-se que em 1975 se descobriram mais 8 a 14 folhas no mesmo mosteiro.
MANUSCRITO ALEXANDRINO
O Manuscrito Alexandrino (Códice Alexandrino), designado pela letra “A”, é um manuscrito grego uncial que contém a maior parte da Bíblia, inclusive o livro de Revelação. Das possivelmente 820 folhas originais foram preservadas 773. Considera-se em geral que este códice seja da primeira metade do quinto século d.C, e ele também é preservado no Museu Britânico.
CODEX EPHRAEMI SYRI RESCRIPTUS
O Codex Ephraemi Syri rescriptus (Códice de Ephraem), internacionalmente designado pela letra “C”, em geral também é considerado como originário do quinto século EC. Está escrito em letras unciais gregas sobre velino e é um códice reescrito, um manuscrito palimpsesto. O texto original grego foi removido, e diversas folhas foram então reescritas com discursos de Ephraem Syrus (o Sírio), em grego. Isto provavelmente foi feito no século 12, quando havia escassez de velino. No entanto, o texto subjacente foi decifrado. Embora “C” evidentemente contivesse outrora todas as Escrituras em grego, restam apenas 209 folhas, sendo 145 das Escrituras Gregas Cristãs. Portanto, este códice contém agora apenas partes dos livros das Escrituras Hebraicas e partes de todos os livros das Escrituras Gregas Cristãs, exceto Segunda Tessalonicenses e Segunda João. É preservado na Bibliothèque Nationale em Paris.
FIDEDIGNIDADE DO TEXTO BÍBLICO
O apreço pela fidedignidade da Bíblia aumenta grandemente quando se percebe, em comparação, que há apenas muito poucos manuscritos existentes das obras dos escritores clássicos seculares e que nenhum destes é manuscrito original, autógrafo. Embora sejam apenas cópias feitas séculos depois da morte dos autores, os peritos atuais aceitam essas cópias posteriores como evidência suficiente da autenticidade do texto.
Os existentes manuscritos hebraicos das Escrituras foram feitos com muito cuidado. A respeito do texto das Escrituras Hebraicas, o perito W. H. Green observou: “Pode-se dizer com segurança que nenhuma outra obra da antiguidade foi transmitida com tanta exatidão.” (Archaeology and Bible History [A Arqueologia e a História Bíblica], de J. P. Free, 1964, p. 5).
O perito em textos bíblicos, Sir Frederic Kenyon, fez a seguinte declaração tranqüilizadora na introdução dos seus sete volumes intitulados The Chester Beatty Biblical Papyri (Os Papiros Bíblicos Chester Beatty): “A primeira e a mais importante conclusão a que se chega à base do exame deles [os Papiros] é a satisfatória de que confirmam a exatidão essencial dos textos existentes. Não aparece nenhuma variação substancial ou fundamental, quer no Velho, quer no Novo Testamento. Não há nenhumas omissões ou adições importantes de trechos, nem variações que influam em fatos ou doutrinas vitais. As variações do texto influem em questões menores, tais como a ordem das palavras ou as palavras precisas usadas. . . . Mas a sua importância essencial é sua confirmação da integridade de nossos textos existentes, pela evidência duma data anterior à disponível até agora. Neste respeito, são uma adquisição de valor que marca época.” — Londres, 1933, Fascículo I, p. 15.
Sir Frederic Kenyon declarou a respeito das Escrituras Gregas Cristãs: “O intervalo, então, entre as datas da composição original e a mais antiga evidência existente se torna tão pequeno que é, com efeito, insignificante, e a última base para qualquer dúvida de que as Escrituras chegaram até nós substancialmente como foram escritas foi agora removida. Tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem ser consideradas como finalmente confirmadas.” — The Bible and Archæology (A Bíblia e a Arqueologia), 1940, pp. 288, 289.
Há séculos, Jesus Cristo, “a testemunha fiel e verdadeira” (Ap.3:14), confirmou repetida e enfaticamente a genuinidade das Escrituras Hebraicas, assim como fizeram seus apóstolos. (Lc 24.27,44; Rm 15.4). Versões e traduções antigas existentes confirmam adicionalmente a exatidão das Escrituras Hebraicas preservadas. Manuscritos e versões das Escrituras Gregas Cristãs dão incontestável testemunho da maravilhosa preservação e transmissão exata desta parte da Palavra de Deus. Portanto, somos agora favorecidos com um texto bíblico autêntico, inteiramente confiável. O meticuloso exame dos manuscritos preservados das Escrituras Sagradas dá eloqüente testemunho da sua fiel preservação e permanência, dando um significado adicional à declaração inspirada: “Secou-se a erva verde, murchou a flor; mas, quanto à palavra de nosso Deus, ela durará por tempo indefinido.” Is 40.8; 1Pe 1.24-25.
A LINGUAGEM BEM DEFINIDA DA BÍBLIA
Atualmente com uma visão mais aprofundada sobre a exegese bíblica, teólogos de várias correntes entenderam que as mensagens contidas na narrativa bíblica podem ser separadas em três momentos específicos como veremos abaixo:
Através da tradição oral e
Do registro escrito do Antigo
Testamento a partir
HEBREUS de Salomão. Leis e Profetas,
Literaturas Sapienciais
Os textos Bíblicos A apresentação ao mundo
foram registrados ÍMPIOS do Deus Único – o Monoteísmo
para: do Criador
Jesus Cristo, o filho de Deus,
IGREJA A Justificação. O Perdão.
A Vida Eterna, o Paraíso,
O Inferno.
Logo, para o estudante de teologia nos dias atuais a observação do quadro acima, o faz avaliar melhor a contextualização. Tempo, Modo e Razão fazem conhecer a implicação teológica descrito no texto a ser estudado. É de vital importância a análise sistemática dos três tópicos acima.
TEMPO – Onde está situado o texto estudado. A historicidade é fundamental para a melhor compreensão; algumas informações paralelas ajudarão ao exegeta compreender melhor a sua contemporaneidade para que venha ter sido escrito, logo a sua existência.
MODO – Quem escreveu? Quem ditou ou escreveu a próprio punho; razões paralelas, interferência direta de Deus, recursos naturais. Inspiração? Todos esses pontos devem ser levados em consideração. Sabermos que a Bíblia é a Palavra de Deus inquestionável, mas para que possamos fazer uma avaliação e exposição sistemática torna-se necessário percorrer esses caminhos.
RAZÃO – Quando nos dias atuais ouvimos pregações, ensinos bíblicos e outras abordagens com o uso dos textos bíblicos, importa ao ouvinte observar se aquele discurso vem do coração do Pai. É comum ouvir alguns desatinos totalmente distantes do âmago teológico. Conjecturas, criação de “novas doutrinas imediatistas” , achismos e oportunismos que mexem com o emocional do ouvinte que acabam por gerar novas “igrejas” que são plantadas na areia do mar, que ao balanço das ondas doutrinárias movem-se (física e doutrinariamente) sem compaixão dos seus adeptos e os colocam na “porta do inferno”.
A Razão da Exegese é conhecer a principal implicação teológica de cada texto. Como se aplica a mensagem estuda a Igreja contemporânea. Sua mensagem deve ser clara, objetiva e sucinta para sua melhor exposição e compreensão. Ao contrário do acima exposto, observamos que o Senhor capacita homens e mulheres para a divulgação honesta da sua Palavra, não importando onde e como deve ser propagada; sim ela está sob as “vistas de Deus”, sem subterfúgios, pieguices e/ou mau intencionado.
O vernáculo brasileiro possui uma pluralidade de representações escritas e faladas. Suas variadas formas contribuem para uma exegese em alguns casos conflitante; muito embora a nossa língua natal seja única em todo território nacional as variações locais são contundentes e abrem um precedente perigoso para a interpretação de textos.
Podemos observar que tanto a hermenêutica quanto a exegese necessitam de toda atenção no que se refere as palavras e termos locais; contudo ao leitor observador a presença da inspiração divina nas buscas por explicações da Palavra de Deus devem sempre ser orientadas pelo Espírito Santo.
OBSERVEMOS OS VÁRIOS MOMENTOS
TESE
O primeiro momento do processo dialético.
Em tese. De acordo com o que se supõe; em princípio; em teoria.
Termo que designa, em filosofia, o princípio imediato do silogismo que serve de base para qualquer demonstração. Na dialética hegeliana, é a afirmação de um conceito que, negado pela antítese, dá origem à síntese.
DIALÉTICO
Respeitante à dialética. Que se caracteriza ou realiza pela dialética:
método dialético; raciocínio dialético. V. lógica —a, materialismo —, momento —, silogismo — e teatro —. Bom argumentador; dialeta.
SÍNTESE
Método cognoscitivo contraposto à análise. Designa também a terceira fase do processo dialético, como resultado da confrontação entre tese e antítese.
ANTÍTESE
Oposição por contrariedade, ou por contradição, entre dois termos ou duas proposições dialética e oposição.
Figura pela qual se salienta a oposição entre duas palavras ou idéias; Figura de retórica em que uma palavra, idéia ou proposição contradiz ou se opõe deliberadamente à anterior. Em filosofia, designa o segundo termo da antinomia kantiana e a segunda etapa do processo dialético postulado por Hegel e Marx.
FÁBULA
Narrativa alegórica em prosa ou verso, que tem em geral animais como personagens e uma conclusão de natureza moral.
LENDA
Narrativa fantástica ou mítica, muitas vezes originada de fatos históricos que as tradições orais e escrita alteram com o tempo.
CONOTAÇÃO
Significado, dito afetivo, de uma palavra ou frase que sugere ou evoca coisas abstratas, conceitos, sentimentos e emoções.
DENOTAÇÃO
Ato de denotar. Sinal, indicação.
Extensão. Opõe-se a conotação
FIGURAS DE LINGUAGEM
Denominação genérica de diferentes expressões verbais, com finalidades retóricas ou estéticas, que se distinguem da linguagem cotidiana.
FIGURA DE CONSTRUÇÃO
Nome genérico das figuras de linguagem obtidas por meios sintáticos. Incluem o assindetismo (falta de conectivos), o sindetismo (abuso de conectivos), a redundância, a reticência e a transposição.
FIGURAS DE PENSAMENTO
Figuras de linguagem cujas principais são a comparação, a antítese, a gradação, a hipérbole e a lítotes.
FIGURAS DE SINTAXE
Infrações das regras da sintaxe motivadas pela busca de maior expressividade lingüística. As mais empregadas são a elipse, o zeugma, o anacoluto, o pleonasmo e o hipérbato
QUADRO COMPARATIVO ARC – ARA - NTLH
Fonte: www.sbb.org.br
COMO SE FAZ A EXEGESE
II CORINTIOS 3.6 “o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (ARC)
II CORINTIOS 3.6 “É ele quem nos torna capazes de servir à nova aliança, que tem como base não a Lei escrita, mas o Espírito de Deus. A Lei escrita mata, mas o Espírito de Deus dá a vida.” (BLH)
Letra = Lei
Lei escrita – Denuncia o pecado, o pecado causa a morte.
II CO 3.6 o qual <3739> nos <2248> habilitou <2427> (5656) para sermos ministros <1249> de uma nova <2537> aliança <1242>, não <3756> da letra <1121>, mas <235> do espírito <4151>; porque <1063> a letra <1121> mata <615> (5719), mas <1161> o espírito <4151> vivifica <2227> (5719). (ARC)
DIACRONIA – OS MÉTODOS HISTÓRICO-CRÍTICO
[DE DI(A)- + -CRON(O)- + -IA.]
Substantivo feminino.
1. Desenvolvimento de uma língua ao longo do tempo.
2.O estudo desse desenvolvimento.
3.Caráter dos fenômenos culturais, sociais, etc., observados quanto à sua evolução no tempo
Não faz muito tempo que exegetas tanto católicos como reformados, sofriam para entender a exegese histórica e crítica para ser aceita com legitimidade. Hoje não necessitamos extremar os nossos conhecimentos para defender a Criação e outros eventos bíblicos, bastamos tão somente utilizar os métodos histórico-crítico, o que não nos eximira de um possível erro interpretativo.
É considerado método histórico-crítico como “diacrônico” que em parte correto pois ainda necessita de alguns esclarecimentos complementares, para isso necessitamos entender o que se entende por “método”, “histórico” e “crítico”.
a) Método – designa-se o conjunto de procedimentos que permitem acesso mais objetivo a um objeto de pesquisa. Deve ser transmissível e é necessário que possa ser ensinado e aprendido. Então o”método” deve ser compreensível, imitável e controlável em acordo com a disciplina a qual se dedica.
b) Histórico – implica em reconhecer que os textos bíblicos foram concebidos e compostos em pretéritos, que se desenvolveram num processo histórico e que, por conseguinte, a relação ao tempo pesquisado tem tenha algo a dizer aos nossos dias.
c) Crítico – tal termo nos remete a interpretar, saber fazer distinções, julgar os diversos aspectos do texto que estão ligados a história. O processo da construção do texto, a identidade do autor, o tempo da construção do texto, a sua relação com outros textos e a realidade contextual, ou seja; a realidade histórica política, social e religiosa que o texto faz subtender.
Por certo o aspecto “crítico” talvez esteja ligado aos aspectos ideológicos; posto que pressupostos políticos ou religiosos interfiram e determinam um período da história.
As observações podem descrever os métodos histórico-criticos como aqueles que buscam explicar todo texto a partir das suas intenções originais e de um ponto “crítico” buscam entender ao texto de maneira diferenciada no que diz a respeito às interpretações através do crescimento do mesmo processo.
Entretanto há de se salientar que todos os métodos possuem uma determinada limitação. Todo processo em algum momento dependerá do cenário histórico e cultural e nível da consciência humana e grau de espiritualidade. Quanto ao método, todo ele nasce de uma pré-consepção exegética, vejamos algumas limitações:
a) Dificuldade em estabelecer uma relação objetiva entre o método histórico - critico e outros resultados obtidos por outras interpretações. (tipológica ou exegese alegórica dos padres).
b) È a contra-parte teológica e espiritual do primeiro.
c) A introdução das delimitações dos temas e personagens não coerentes com os precedentes. Uma situação atemporal.
d) Um critério negativo para indicar que um relato ainda não terminou.
CRÍTICA DA CONSTRUÇÃO DO TEXTO
A finalidade desse método é dupla:
1) Delimitação do inicio e do fim do texto;
2) Prova de sua autenticidade.
Delimitação de um texto
Atualmente podemos reconhecer o inicio e o fim de um livro, de um capitula ou de uma seção também tipograficamente. A delimitação do inicio de do fim de um texto bíblico, se faz necessária por seu caráter antológico, que nem sempre a ordem ou a sucessão são evidentes. Muitos textos já sofreram por terem sido incorporados fragmentos de outros textos, portanto torna-se necessário saber qual é a mensagem de um texto.
A Unidade do texto
A unidade do texto é de fundamental importância para o Exegeta. Entretanto a literatura bíblica é um conjunto de unidades textuais que passou por um processo que teve seu inicio em seus autores e passaram provavelmente por alguns copistas, dando-nos a certeza que poucos escritos tenham chegado aos nossos dias conforme o original, a não ser a maioria dos textos do AT.
A determinação da unidade de um texto bíblico é importante para a sua compreensão e seu estudo é válido e útil mesmo que se tenha a certeza de autor único observando suas afirmações quanto a linha unitária de pensamento. Os critérios para julgar sobre a unidade ou não –unidade de um texto são as seguintes:
• Na unidade, a presença de duplicações ou repetições injustificadas que perturbam o desenvolvimento do relato ou do discurso. Observe Gn 6.19-22.
• Interrupção no desenvolvimento do relato ou do discurso (Gn 2.1 – 2.11)
• A heterogeneidade dos gêneros literários utilizados nos textos.
• A presença de diversidades semânticas.
• A presença de diversidades estilísticas fortes.
• A presença de fundo histórico, institucional ou religioso.
• A presença de tensões e interrupções na construção sintática.
O exame dos limites da unidade do texto devera nos levar a identificar os elementos seguintes, ou pelo menos alguns deles:
• Um texto base ou unidade textual forte – é um texto livre que cria possíveis obstáculos à sua leitura, fechado em si mesmo, onde a trama narrativa ou argumento do discurso chega a um ponto de repouso.
• Expansões do texto de base como os comentários feitos ao texto de base que nunca tiveram existência independente, e acréscimos com finalidade precisa, como por exemplo, um esclarecimento ou uma correção teológica.
• Fragmentos, ou seja, seções do texto que fizeram parte de outra unidade e foram incorporadas nessa em que atualmente se encontram. Os fragmentos, por sua vez podem ter sofrido expansões.
• Uma unidade composta, ou seja, aquele texto em que se combinaram pelo menos duas unidades simples, sem que agora seja possível determinar qual delas teria sido o “texto de base” sobre o qual depois se elaborou a outra unidade.
FINALIDADE DA CRITICA DA REDAÇÃO
Torna-se necessária para que se possa constatar a existência de diversos estratos de texto. Cabe a crítica de a redação mostrar a relação entre eles. À redação e a crítica da redação, interessa não só o texto redacional que se acrescenta ao texto de base, mas também a esse ultimo.
As atividades redacionais podem ser variadas e se divide em:
a) Compilação simples – caracterizado por relatos ou narrativas. Exemplo: o corpo legislativo.
b) Compilação e composição - Textos escritos, por exemplo, sobre os Reis de Israel feita pelos Deuteronomistas e fixadas no Livro dos Reis.
c) Compilação, composição e redação - em diversas fontes escritas numa única obra literária. Exemplo: os documentos Javista e do documento eloísta ou mesmo sacerdotal no Pentateuco; ou da hipotética fonte Q e os ditos de Jesus nos evangelhos sinópticos.
d) Interpretação - através de introduções, conclusões, discursos particulares de personagens. Exemplo Gn 58 ou o capitulo 12 de Isaías e no capitulo 14 de Oséias.
e) Reelaboração – Esclarecimentos, mudanças de ordem no texto, ampliações, reduções. Esse processo pode ser encontrado claramente no caso de existirem textos paralelos, como por exemplo, no caso dos Livro dos Reis e das Crônicas, ou no dos evangelhos sinópticos.
Entretanto é de imprescindível valor analisar o texto observando os critérios temáticos e cronológicos a partir de tradições orais. Provavelmente como tenha acontecido na composição dos livros de Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel e outros.
INDÍCIOS DE VÁRIAS REDAÇÕES
A existência de uma redação é o necessário para o exegeta entender se esse ou aquele texto recebeu algum tipo de interferência. Ao observar sobre a unidade textual, quando são apresentadas e confrontadas entre si, e o fato resultante nos revela a vontade do seu autor, mas que em alguns casos evidencia-se a intervenção de uma “mão” alheia de uma possível interferência ainda que nos revele uma grande dificuldade em descobrir e desvendar as formas redacionais alheias ao texto originais, sempre acaba por percebê-la.
Quanto maior a intervenção redacional, tanto mais complexas e difíceis as inferências de pontos de vistas críticos teológicos e históricos mais difícil torna-se para o trabalho do pesquisador.
A ausência ou a presença de expressões prediletas nos textos de base, também podem ser sinais literários ou lexicais detectáveis da presença destas interferências.
A CRÍTICA DA REDAÇÃO
O objeto material da crítica da Composição
Ao estudar a constituição do texto, a pesquisa poderá continuar em um dois sentidos indicados em seu inicio conforme o interesse e a afinidade particular do pesquisador. Diante da possibilidade em deter-se ante a uma unidade textual, o que lhe parece mais interessante para um estudo concreto, o estudante, finaliza através da critica a identificação quanto a forma da Composição do texto estudado.
Outra possibilidade é a de continuar examinando a natureza e a história do texto em sua composição, a partir do qual teve o inicio pesquisa, ou seja, quanto mais aprofunda suas investigações mais determina a forma de Composição.
O objeto material da crítica da redação
Diante da diferença entre autores, a Crítica da Redação tem como objeto um texto escrito. Revela-se então no seu primeiro teor seguindo-se até o resultado final. As finalidades da critica da redação é estabelecer a relação entre o primeiro relato escrito e o texto oral.
O objeto da critica da redação como da critica da composição é um texto nã0-unitário pela suposição que tenha havido um processo de crescimento do texto. Se um texto se manifestasse como absolutamente unitário e homogêneo, não haveria espaço para crítica da redação.
O OBJETO MATERIAL DA CRÍTICA DA FORMA
A critica da “Forma” é diferente da critica do gênero literário ao contrário de autores mais antigos que as tratavam juntas, vinculando aquela determinação do gênero literário . Esta posição desconsidera a possibilidade de que possa haver textos que não podem ser atribuídos a nenhum gênero e nos quais é possível e necessária a critica da forma.
A Forma significa uma oposição ao conteúdo. Todos os aspectos de um texto que conformam ou configuram sua peculiar personalidade.
A FORMA é a carteira de identidade de cada texto. Sua critica diz respeito a todo aspecto lingüístico de um texto e eles se organizam em ambientes diversos. Fonemático, sintático, semântico, estilístico e estrutural. Os três primeiros níveis construtivos da linguagem (fonema, proposição e morfema) trabalham em conjunto com o ambiente estrutural (estilo e estrutura).
EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO
Sabemos que a Exegese é a ciência da interpretação, em nosso caso nos limitamos à interpretação dos textos bíblicos. Diante de um texto tão específico, todo exegeta traz consigo uma série de pré-compreensões e pré-conceitos o que se torna perigoso, pois limita a expressão verbalizada de Deus.
Então Exegese é o ato de ouvir o texto, de perceber seu sentido Mas para que o texto possa falar o primeiro passo é estar aberto e ter a certeza que depararemos com algumas surpresas, entretanto as técnicas exegéticas auxiliam a interpretação dos textos a serem analisados.
Metodologicamente o trabalho deve ser desenvolvido deve seguir o seguinte caminho:
a) Separar as afirmações completas contidas no texto;
b) Verificar as relações entre frases, os paralelismos entre elas;
c) Buscar definir as relações no conjunto do texto.
Como já estudamos anteriormente, observações quanto ao gênero literário, a sua composição e forma, deverão ser acompanhadas de investigações paralelas quanto a sua contextualização, ou seja: Lugar que foi escrito, tempo em que foi escrito, para quem foi escrito. Sua carga ideológica, cultural e religiosa. Quais os fatores sociais (econômicos, políticos e comportamental) ajudaram para que um determinado texto viesse a ser revelado.
Para o bom teólogo seu inicio de uma análise exegética deverá ser sempre pelo lado religioso. Caso contrario, poderíamos encobrir dimensões importantes quanto a realidade factual, e passamos a observar somente o que estamos acostumados a ver. Por isso é importante que venhamos iniciar pelo desconhecido.
Pressupostos diferentes
É a técnica de fazer uma série de perguntas diretas ao texto. É ampliar as informações sobre a sociedade e a época com base em comentários, dicionários e materiais sobre a história de Israel.
Algumas perguntas auxiliam o estudante.
Qual é a questão concreta em jogo? Qual o problema concreto que gerou o texto? É importante que se busque ser o mais concreto possível. Generalizações não ajudam e é preciso ver a melhor maneira quanto a materialidade do texto.
Como se apresenta esta questão concreta? De modo unitário ou diversificado? O problema é um só, ou possui vários outros aspectos?
Que pressupõe o texto? Há grupos representados neles? Qual a situação que ele apresenta do ponto de vista econômico, social, político e religioso (ideológico)?
De que ponto de vista o texto foi escrito?
Quem o escreveu? Para responder a esta pergunta é importante empreender uma análise terminológica do texto em comparação com o todo do livro estudado com base na concordância.
Quem esta por trás do autor? Ele fala sozinho ou há algum grupo ou grupos por de traz dele?
Quando o texto foi produzido? Quando foi escrito?
Em que lugar deve ter sido falado? A quem se dirige?
O que acontecia naquela época?
É importante que sempre venhamos estabelecer um início no próprio texto do conjunto em estudo. Partindo sempre do específico para o geral. As informações que não conseguirmos adquirir no texto podem ser buscadas na literatura complementar. Torna-se importante que sejam determinados com muita clareza os dados que são necessários para a compreensão da história e da sociedade que estão por trás do texto a ser analisado.
A TRADIÇÃO HISTÓRICA
A esta tradição pertencem os relatos que querem dar a conhecer a aço de Deus na história de Israel. Não são narrativas de fatos reais, e sim releituras teológicas ou seja: sobre um fato real, constrói-se uma história que o interpreta e atualiza.
OS TIPOS DE NARRATIVAS
Novela – Como qualquer relato histórico o tempo da novela é o passado. Não se trata de um acontecimento isolado e sim uma série deles. Não são acontecimentos públicos, mas de fatos da vida pessoal e privada de um personagem, seus sentimentos e suas reações. Na realidade os fatos são importantes porque fazem parte e estão diretamente relacionados a vida de um personagem israelita. A trama se desenvolve em três tempos:
a) Inicio – uma situação de conflito ou tensão;
b) Meio – o conflito se complica cada vez mais;
c) Fim – resolução do conflito e esvaecimento das complicações.
Algumas novelas do AT:
• A história de José (Gn 37; 39-48; 50)
• O livro de Jó
• O livro de Rute.
A narrativa histórica
O termo “história” no aspecto bíblico não corresponde a moderna ciência homônima. A historiografia bíblica não é científica e menos ainda neutra. É uma história interpretada e interpretante, não se interessa em informar de forma objetiva os acontecimentos, antes mesmo o tempo que se reporta ao fato fornecendo critérios para dele escolher a significação. Nessas narrativas encontramos um jogo lingüístico que entremeia elementos ideológicos aos elementos teológicos.
A SAGA
No desenvolvimento da fé javista, não faltaram elementos para a formulação de mitologias, ou seja: o politeísmo e a magia que são influências da mentalidade mística, por ser “algo que nunca ouve mas que sempre é”; externa o mito que é a categorização de uma visão de mundo. Exemplo Gn 1-11. Portanto quanto mais se abandou o relato mitológico mais se aproximou da Saga.
A Saga – é a narrativa sobre um fato extraordinário, ou seja: as façanhas de um herói ou a história de um lugar ou de uma coisa. Contada e recontada oralmente durante muito tempo e que posteriormente foi redigida. Nesse período de tradição oral a Saga adquiriu uma linguagem exuberante e poética, que é acentuada por um forte apelo emocional quanto a importância daquilo que esta sendo contado. A Saga quer explicar determinadas situações presentes a partir de acontecimentos passados.
• A Saga de uma tribo ou de um povo – Gn 9.20-27 ou Gn 48
• A Saga de um herói – Ex 17 8-16
• A Saga de um lugar - Gn 11.1-9
A Lenda
Tida por alguns como uma variante da Saga, a lenda caracteriza-se pelo santo e imitável. Não há uma descrição do cenário e é realçada pela oposição entre pessoas e atitudes. A linguagem é edificante e privilegia o milagroso e a ação vitoriosa de Deus. No centro da narrativa pode estar um profeta ou um local de culto.
Divide-se em:
• Lenda Pessoal – O protagonista é uma figura religiosa (profeta, sacerdote ou mártir), apresentando-se como exemplar, alguém chamado por Deus. Esse tipo de narrativa visa formar discípulos. As poucas lendas sacerdotais ou criticam a instituição (1Sm 2.12-17) ou querem legitimar o direito dos sacerdotes.
• Lenda dos Mártires – Surgidas em plena helenização e opressão dos selêucidas seus relatos visaram encorajar os judeus em um tempo de perseguições.
• Lenda Profética – Nela a palavra do profeta ou homem de Deus é capaz de transformarem-se em acontecimento quando pronunciada. Amplamente utilizada nos tempos de Elias e Eliseu. A Lenda Profética é facilmente identificável:
Ação
Texto 2 Rs 2. 19-22 2 Rs 4.42-44
* Uma situação de crise v.19 v. 42
*Súplica pela intervenção do profeta v.19
* Dúvida sobre a capacidade para realizar o milagre v.43a
* Instrumentos para realizar o milagre v.20 (os pães)
* Palavras durante a realização do milagre v. 21 v. 42b;43b
* Efeito produzido v. 22 v. 44
* Conseqüências v. 22 (até hoje) v. 44c
• Lenda de santuário – Um relato a respeito de um determinado lugar; mas diferentemente da saga, que explicar por que tal santuário é considerado sagrado. Em geral, descreve uma manifestação de Deus naquele posto (Gn 16.7-14; 28.10-22).
• Lenda Cultural – Esse tipo de narrativa quer justificar a prática de determinado culto ou rito; uma imagem de serpente no Templo de Jerusalém (Nm 21.4-9); a circuncisão (Gn 17; Ex 4.24-26; Js 5.2-9).
PALAVRAS DE DESGRAÇA E SALVAÇÃO
No Antigo Testamento o Profeta traduziu em palavras humanas o que experimentaram e receberam do próprio Deus. A experiência pessoal, quando verbalizada já sofre uma redução; por isso utilizam linguagens e imagens agitadas e por vezes agressivas e exageradas. Penetrar nos gêneros literários utilizados pelos Profetas é o melhor caminho para resgatar a profundidade da experiência original.
Palavra de desgraça
Trata-se de um oráculo que anuncia um juízo e um castigo da parte de Deus. Tem como característica ser breve, direto e em geral, na presença do acusado. Pode ser endereçado ao povo de Israel (Am 4.1-3), aos povos estrangeiros (Am 1.3-5.6-8) ou a uma pessoa em particular (ao rei; 1 Rs 21.17-19); ao sacerdote Amasias (Am 7.16-17), ao profeta Ananias (Jr.28.13-14). Observe o esquema abaixo:
Ação
Texto Am 4.1-3 Am 1.3-5 Jr. 28 13-14
* Encargo confiado ao mensageiro v. 13a
* Convite para escutar v. 1 a-b v. 31 v. 13b
* Acusação v. 1c v. 3b-c v. 13 c-d
* Desenvolvimento da acusação v. 1d v. 3d
* Formula da mensagem ou "por isso" v. 2a v. 14a
* Anuncio do Juízo - intervenção de Deus v. 2b v. 14b-c
*Anuncio do Juízo - conseqüências vv. 2c-3b vv 4-5 (v.14d)
* Assinatura (Oráculo do Senhor) v. 3c V. 5e
Palavra de Salvação
É o equivalente positivo da palavra de desgraça. Em uma situação de crise ou desgraça, o profeta anuncia uma nova perspectiva, na qual se contempla a ação salvadora de Deus. Encontramos oráculos de salvação em Oséias, Jeremias e Ezequiel. Igualmente no Dêutero-Isaías, mas já plenamente desenvolvidos e considerados “oráculos de salvação sacerdotal” Is. 41. 8-12 – 44.1-5 – Uma estrutura básica pode ser assim esboçada:
Ação
Texto Is 41.8-12 Is 44 1-5
* Alocução (vocativo) v. 8 vv 1-2b
* Promessa de salvação (encorajamento) v. 10a (não temas) v. 2c-d
* Motivação introduzida (porque) v. 10 v. 3
* Conseqüências v. 11-12 vv. 4-5
Paralelismo
Esse procedimento constitui uma das bases da poesia hebraica. Nele, não importam os sons e sim os conceitos, isto é, o que deve rimar não são fonemas, mas as idéias. Existem três tipos de paralelismo:
• Sinonímico – O 2º membro repete a idéia do 1º, com termos semelhantes ou equivalentes. Sua finalidade é acrescentar ênfase e esclarecimento à idéia principal (1º verso) Exemplo: Pv 1.8; 4.24; 19.6, Ec 13.1.
• Antitético – Quando os dois membros se opõem entre si, com termos contrários. Quer aguçar o espírito critico sobre a realidade, a fim de evidenciar diferenças e contrastes. Exemplo: Pv 10.1-2; 11.19 e 13.7.
• Sintético ou Progressivo – O 2º membro não diz o mesmo, nem o contrário do 1º, mas prolonga ou desenvolve o pensamento, uma nova idéia, ou uma observação. Sua função é apresentar as circunstâncias, os condicionamentos e as conseqüências do afirmado no 1º membro. Exemplo: Pv. 14.27; 16.31; 21.28 e Sl 1.6.
Formas valorativas
Utilizadas em Provérbios que expressam a estima ou a reprovação por uma conduta ou coisa. Fazem-nos saber qual escala de valores era comum no tempo dos sábios.
a) Sentença–tov (“melhor / mais...que” – importante para uma conduta moral: Pv. 16.8; 25.24.
b) Marcadismo – Provérbios com formula de bem-aventurança: Pv. 14.21; 16.20; 20.7.
QUESTÃO RETÓRICA
São aquelas perguntas que se fazem sabendo, já de antemão, quais as respostas. Servem para exprimir uma convicção generalizada (Pv 6.27-29; 17.16; Ec 2.10), mas, também para fazer pensar (Pv 3.10ª); Ec 22.14).
Formas compostas
Em algumas passagens encontramos textos que prolongam ou substituem a forma simples por uma seqüência lógica de pensamentos.
Existem outras formas de expressão na palavra de Deus. Poemas com caráter didático, em forma de discurso, em forma etopéia (com cenas que descreve o caráter, as inclinações e os costumes de personagens típicos da sociedade tais como preguiçoso, adultera e o bêbado. Lista enciclopédica onde aparece uma catalogação dos fenômenos ou dos elementos da natureza bem como atividades humanas, vícios e virtudes. Provérbios numéricos que possuem a finalidade de chamar a atenção para o autor.
Cânticos
Nos momentos cruciais da vida do povo da Bíblia estão marcados por cânticos. A guerra, a vitória, a morte, o amor e o culto. No AT, encontramos uma enorme quantidade de cantos, ou pelo menos os restos de cantos.
• Cânticos da vida cotidiana – No trabalho, a colheita, o banquete, a guerra, a vitória, a derrota. Tudo é motivação para um canto que revele o que esta acontecendo e sirva de recordação.
• Cânticos de guerra - Esses cantos cumprem as mesmas funções dos atuais “gritos de guerra” das torcidas organizadas do futebol.
• Cânticos de bruxaria (ensalmos)1 – Para invocar a força e as condições para a vitória, quando não a própria vitória (2Rs 13.17; Js 10.12) - 1 - Maneira de curar com orações e benzeduras.
• Cânticos de bênção e de maldição – Proferidos por um guerreiro ou profeta. Cânticos desse tipo uniam-se ao barulho da tropa para aumentar o poderio do exército e amedrontar o inimigo. Um belo exemplo é o cântico de Balaão (Nm 22.24).
• Cântico de mero estímulo ao combate – Sua finalidade é empolgar, “envenenar” a tropa. (Nm 5.12).
• Cântico de vitória – Entoados por mulheres quando o exercito voltava triunfante, eram acompanhados por instrumentos e danças. Em geral, são bastante curtos: 1 ou 2 versos repetidos alternadamente por dois grupos. Exemplo: Ex 15.20-21; 1Sm 18.6-7.
• Cânticos de amor – No antigo Israel casava-se após a colheita do outono. A festa durava cerca de sete dias. Por essa ocasião contratava-se um trovador para animar a festa. O cantor atendia aos pedidos e entoava cantos populares. Aos poucos foi se formando um repertório básico bem como um modelo estilizado par descrever as qualidades dos amantes.
• Cânticos culturais - Os cânticos que o antigo Israel entoava diante de seu Deus foram agrupados, salvo algumas exceções, no livro dos Salmos. A classificação desses poemas é complexa, plena de sutilezas e, por conseguinte, impossível de ser exposta nesse estudo, por isso veremos de forma ampla.
SALMOS
A sua classificação
Não há um acordo entre os mais distintos estudiosos dos Salmos, quer quanto ao número de gêneros literários, que quanto às quais Salmos pertencem a qual gênero. Há ainda quem defenda que não se deveria classificá-los. Entretanto para facilitar seu estudo, passemos a observar quanto as suas famílias.
a) Família Hínica
• Hinos propriamente ditos (ou Deus, o Salvador)
• Hinos a Deus, o Criador
• Hinos a Deus, o Rei
• Hinos de Sião
b) Família dos Salmos de Súplica
• Súplica individual
• Súplica coletiva
c) Família de Salmos de confiança e de ação de graças
• Confiança individual
• Confiança coletiva
• Ação de graças individual
• Ações de graças coletiva
• Salmos afins.
d) Família litúrgica
• Salmos de ingresso
• Salmos-requisitória
• Salmos de peregrinação
e) Família Sapiencial
• Salmos sapienciais
• Salmos alfabéticos
f) Família histórica
g) Família de Salmos Régios
h) Salmos de maldição e vindita (Punição legal)
Vejamos algumas famílias
1) Família hínica – Esses Salmos louvam a grandeza e a majestade de Deus. Sua recitação parece ter sido dialogada (solo + coro) e acompanhada ao som de instrumentos musicais. Partindo das características formais, podemos esquematizar esses salmos assim:
1.1 – Introdução – Convite ao Louvor
- Exemplos: 8.2 – 117.1 - 145.1-2; 147.1.7.12
1.2 – Desenvolvimento – Motivações para o Louvor
- Exemplos: 8.3-9; 117.2 a.b; 145.3-20; 147.2-6.8,9,13.
1.3 – Conclusão – Novo convite ao Louvor
- Exemplos: 8.10; 117.2ª; 145.21; 147.20
2) Família de Súplica – Esse grupo é tão numeroso que chega a abranger aproximadamente um terço do Saltério. Alguns estudiosos usam o termo “Lamentações”, mas tal terminologia é imprópria, porque esses cantos propõem algo mais que simples lamentos.
2.1 - Introdução - Invocação ao Senhor
- Exemplos: 54.3-4; 60.3; 71.1-6; 88.2-3
2.2 – Desenvolvimento – Desgraça e súplica
- Exemplos: 54.5-7; 60.4-7; 71.2-21; 88.4-19
2.3 – Conclusão – Um final feliz
- Exemplos: 54.8-9; 60.8-10.11-14; 71.22-14
3) Família dos Salmos de confiança e ação de graças – Trata-se de uma forma intermediária entre a súplica e hino de louvor, com elementos de ambos os gêneros. O voto de ação de graças encontra-se com certa freqüência. Predomina o tom de reconhecimento.
3.1 – Introdução – Invitatório (Que serve para fazer convites.)
- Exemplos: 32.1-2; 124.1-2; 138,1-3.
3.2 – Desenvolvimento
- Exemplos: 32.3-5; 124.3-7; 138.4-7
3.3 – Conclusão
- Exemplos: 32.6-7; 124.8 e 138.8
EXEGESE DO NOVO TEXTAMENTO
Para a maioria dos leitores, o trabalho de pesquisa com textos bíblicos começa sempre com uma tradução comum. O que entendemos como tradução?
A tradução é reprodução escrita do texto grego do Novo Testamento numa língua final e para iniciar o estudo científico da Bíblia importa conhecer os principais problemas das traduções como, por exemplo, os princípios da tradução, a possibilidade e os limites das mesmas, suas características, a finalidade e a utilidade das principais traduções vernáculas.
A boa tradução pressupõe conhecimento exegético do texto a ser traduzido, adquirindo através de longo trabalho como também um excelente conhecimento do idioma dos leitores a que será destinada. Os valores das traduções formais consistem em que proporcionam uma linguagem fundada na própria linguagem bíblica para formular a experiência de fé, baseada nas Sagradas Escrituras.
OS DOCUMENTOS DO NOVO TESTAMENTO
Os escritos do Novo Testamento se utilizaram do grego coiné (comercial), amplamente conhecido e utilizado no século I, como conseqüência do império de Alexandre, o Grande. Esse idioma possuía muitos recursos lingüísticos e precisão técnica, não encontrados no hebraico, o que permitiu uma maior e mais rápida propagação dos textos entre os povos (assim como o inglês moderno, nos tempos atuais). O grego chegou a ser considerado pela Igreja Católica como a língua do Espírito Santo.
PRINCIPAIS MANUSCRITOS
O Novo Testamento tem como característica principal uma imensa quantidade de escritos e evidências externas. Alguns manuscritos, entretanto, merecem destaque. São eles:
Os papiros - produzidos quando o movimento iniciado pelos discípulos de Jesus ainda era ilegal. Datam dos séculos II e III d.C. e constituem valioso testemunho da veracidade do Novo Testamento, pois surgiram a apenas uma geração dos autógrafos originais. Seus representantes mais importantes são:
• p52 ou fragmento de John Rylands (117 - 118 d.C.) - encontrado no Egito, contendo parte do Evangelho de João;
• p45, p46 e p47 ou Papiros Chester Beaty (250 d.C.) - contendo quase todo o Novo Testamento (o p45 contém os Evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos; o p46, a maior parte das cartas de Paulo; e o p47, parte do Apocalipse);
• p66, p72 e p75 ou Papiros de Bodmer (175 - 225 d.C.) - igualmente importantes, incluindo-se entre eles Unciais cuidadosamente impressos e com muita clareza (o p66 contém parte do Evangelho de João e data do ano 200; o fragmento p72 contém cópias de Judas e de I e II Pedro; e o p75 contém a mais antiga cópia do Evangelho de Lucas (175 a.C.).
Os Unciais - manuscritos em caracteres maiúsculos, escritos em velino e pergaminho. Constituem os escritos mais importantes do Novo Testamento, dos séculos III a V. Existem cerca de 297 Unciais, entre eles:
• Códice Vaticano - é o mais antigo dos Unciais (325 - 350 d.C.) e foi desconhecido dos estudiosos bíblicos até 1475, quando foi catalogado na biblioteca do Vaticano; contém a maior parte do Antigo Testamento (versão dos LXX) com os apócrifos e o Novo Testamento em grego;
• Códice Sinaítico (Álefe) - data do século IV e possui poucas omissões;
• Códice Efraimita - originou-se em Alexandria, no Egito, em cerca de 345 d.C.;
• Códice Alexandrino - data do século V;
• Códice Beza ou Cambridge - cerca de 500 d.C.; é o manuscrito bilíngüe mais antigo do Novo Testamento. Foi escrito em grego e latim;
• Os Minúsculos - documentos escritos em caracteres minúsculos que datam dos séculos IX ao XV, somando mais de 4000 documentos, entre manuscritos e lecionários (livros muito utilizados nos cultos da Igreja, que continham textos selecionados da Bíblia para leitura, incluindo o Novo Testamento).
CRÍTICA LITERÁRIA
A critica literária analisa os textos neotestamentários para identificar e reconstruir eventuais fontes utilizadas na redação dos escritos do Novo Testamento, evidenciando-lhes os acentos teológicos e o ambiente vital para sua construção.
Os principais objetivos da critica textual são múltiplos. No caso dos evangelhos sinóticos, busca clarear as relações de interdependência entre os evangelhos e reconstruir-lhes as fontes. No caso do evangelho de João, propõe-se evidenciar as etapas da construção da revelação dada a seu autor, pois, somente nesse evangelho Cristo é descrito de forma imperiosa a sua natureza como Deus.
A crítica literária visa manter a distinção entre as duas fases metodológicas, ela é mais fácil de ser aplicada quando o texto é maior, mais homogêneo e de origem redacional.
A CRÍTICA DA TRADIÇÃO
O estudo dos textos neotestamentários, permite afirmar que antes da sua composição por escrito, circulavam fragmentos orais isolados de vários gêneros, por exemplo: narrativas sobre Jesus, ditos sobre Jesus, fórmulas de fé, etc. Estes fragmentos individuais foram recolhidos em coletâneas ou inseridos como citações em contextos maiores.
A crítica da tradição, ou melhor, do processo de tradição, investiga a pré-história oral dos textos neotestamentários. Pretende redescobrir as modificações que os textos, originalmente em circulação sob a forma de perícopes2 isoladas, sofreram no curso da transmissão oral, como também conhecer os grupos de pessoas responsáveis por tais elaborações.
CRÍTICA DA REDAÇÃO
Os textos neotestamentários percorreram um longo caminho antes de chegarem à forma atual. Foram recolhidas e unificadas diversas tradições heterogêneas. A versão final dos textos remonta a uma reelaboração do texto atribuída à instância que chamamos de “redator”.
A Análise dos escritos neotestamentários segundo o método da crítica/histórica da redação, procura reconstituir a o processo de redação e o papel do redator.
Indícios acerca do redator e de seu modo de proceder
Mesmo em se tratando de composições resultantes da fusão de diversas tradições, os textos permitem deduzir determinados indícios acerca de seu redator e sua contribuição literária e teológica.
A pessoa do redator
Os indícios encontrados são de clareza variável: enquanto Paulo nas suas cartas fala de si com freqüência, os evangelhos não dizem nada sobre seus redatores. Encontramos referencias quanto ao autor em Lc 1.1-4 (ao menos sobre seu modo de proceder e sobre as suas intenções) e nas afirmações de João acerca do discípulo predileto que exerce o papel de testemunha. Dos evangelhos é possível deduzir por via indireta alguma percepção da intenção e da visão teológica do redator. Indícios acerca do autor encontram-se nos escritos dos Padres Apostólicos e junto aos autores eclesiásticos, e em particular Pápias de Hierápolis, Irineu e os Prólogos Antimarcionitas dos evangelhos. Todavia é discutível em que medida tais testemunhos referem a informações independentes dos evangelhos.
A PESQUISA HISTÓRICA
A pesquisa história se distingue das abordagens da crítica literária e da crítica da tradição e da redação, enquanto não analisa somente o desenvolvimento da obra escrita, mas verifica a referência à realidade. A pergunta que se faz: “Como é possível remontar do texto à história com um procedimento metodologicamente correto?”.
Para demonstrar a historicidade dos fatos, os textos são lidos a luz de determinados critérios para apreender em que medida contém informações historicamente confiáveis. Além da peculiaridade dos livros neotestamentários enquanto texto de fé deve ser lembrado que se trata de textos do passado, no qual agem muitos fatores ligados ao momento e ao ambiente da obra.
Os evangelistas usam o termo “parábola” para designar as várias histórias que Jesus contava, ou as comparações que ele fazia; mas precisamos estar atentos, um exame rigoroso revelará que estamos diante de vários tipos de discursos. Observe o quadro abaixo:
HINOS, CONFISSÃO DE FÉ, VÍCIOS E VIRTUDES E A MORAL FAMILIAR
Certamente a origem cristã é fortemente marcada com tons celebrativos. A observação exegética do NT não poderia deixar de observar os diversos modos dessa celebração, a saber:
Hinos – Exceto em Rm 11.33-36, totalmente dedicado a Deus, todos os hinos do NT são cristológicos. Fl 2.6-11; Cl 1.15-20, 1 Tm 3.16; 1 Pe 2.21-24. Estes testos possuem as seguintes características de estilo: uso da 3ª pessoa para descrever a atuação do Cristo, presença de orações que se iniciam com o pronome relativo, palavra sem artigo, construção assintética. A semelhança dos hinos do AT, que têm como referência a atuação histórica de Deus, os hinos do NT descrevem o caminho redentor que Jesus percorreu e que o conduziu à EXALTAÇÃO.
Confissão de Fé – A Igreja primitiva, a celebração do batismo e da eucaristia requer a profissão de fé. Trata-se de uma formulação breve e expressiva daquilo que a comunidade crê (1 Cr 15.3-5; Rm 1.3-4). A diferença dos hinos, os textos desse Gênero não apresentam um estilo laudativo e nem uma estrutura em forma de cântico. Admite-se que, em 1Pe 1.18-21 e 3.18-22, encontramos elementos provenientes de antigas confissões de fé.
Vícios e Virtudes – Tanto nas listas enciclopédicas da tradição sapiencial, textos desse tipo apresentam um elenco de atitudes dignas (virtudes) ou reprováveis (vícios).
a) Vícios – Rm 1.29-31; 1 Co 5.10-11; Gl 5.19-21; 1 Tm 1.9-10; Mc 7.21-22.
b) Virtudes – Gl 5.22-23; Fl 4.8-9; Cl 3.12-14; 2 Pe 1.5-7.
Moral Familiar – São os textos que opinam sobre a ordem doméstica e o comportamento da família cristã, diante do mundo que a rodeia. Quase sempre, são respostas circunstanciais a problemas concretos e situados. Em alguns casos apenas segue-se a moral judeu-helenistica ou mesmo a estóica. Mas que uma legitimação das atitudes propostas, o que temos é uma motivação para assumi-las.
ATOS
A HISTÓRIA, A TRADIÇÃO E A IMPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Em Atos 1.8 o Cristo ressurreto declara o propósito do batismo no Espírito Santo: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra". Em virtude de sua localização e ênfase, este versículo parece designar com clareza o objetivo do livro de Atos dos Apóstolos. O livro constitui a principal história do estabelecimento e da extensão da igreja entre judeus e gentios, mediante a gradual localização de centros de influência em pontos destacados do Império Romano, desde Jerusalém até Roma. Além disso, Lucas organiza este material histórico de tal maneira que o progresso do evangelho é de imediato evidente. Trata-se de uma história, cujo objetivo não é apenas narrar, mas edificar. Portanto, podemos considerar os Atos dos Apóstolos como um sermão de caráter histórico acerca do poder cristão: sua fonte e seus efeitos. Sua fonte é o batismo pentecostal com o Espírito Santo, e o efeito é o poder de dar testemunho perante o mundo. Esse testemunho é apresentado como resumo no sermão pentecostal de Pedro dirigido aos membros da dispersão congregados em Jerusalém, e em pormenores progressivas através do restante do livro.
A opinião quase universalmente aceita é que o evangelho segundo Lucas e os Atos têm um autor comum. O autor dos Atos dos Apóstolos começa fazendo referência ao "primeiro tratado" que se interpreta como a primeira prestação ou entrega do mesmo volume histórico, dirigido a Teófilo, a mesma pessoa. Existem pelo menos três argumentos que confirmam a paternidade literária de Lucas: Primeiro, existe a evidência do uso da primeira pessoa plural nas seções l6.10-17; 20.5-15; 21.1-18; 27.1-28, sugerindo que o autor era testemunha ocular, como o foi Lucas. Segundo: há provas de que o escritor era médico. E, terceiro, uma ampla e convincente tradição apóia a paternidade literária de Lucas.
Aparentemente, o livro de Atos dos Apóstolos foi escrito em derredor da época do primeiro encarceramento de Paulo, com cujo relato termina o livro. John H. Gerstner, Doutor em Filosofia e Letras
O quê observar
O livro dos Atos dos Apóstolos necessita por parte do exegeta para a sua melhor compreensão, um olhar aprofundado na historicidade do seu tempo. A de ser observado contando as variações de sua contemporaneidade; aspectos históricos são de profunda relevância para o seu melhor entendimento já que a sua forma também deve ser observada quanto:
a) Delimitação – É necessário observar onde o texto tem inicio e onde termina.
b) Coesão – O que o torna coeso? Como ele completa com o primeiro tratado de Lucas, seu autor. O que lhe confere unidade?
c) Estilo – É necessário verificar como o texto se articula. Trata-se de uma prosa, de uma poesia ou singularmente é um tratado histórico? Quais são as suas relações com outros textos e o que lhe facilitara a sua compreensão?
d) Gênero literário – A que categoria literária o texto se propõe?
O ESTUDO DO LUGAR
É decisivo que se busque localizar o texto na história. Não nos interessa apenas a cronologia, mas entender o ambiente social, econômico, político, religioso e geográfico de onde o texto surgiu e qual foi a sua principal preocupação.
AS CARTAS DE PAULO – SEUS OBJETIVOS E LINGUAGEM
O ministério de Paulo significou vitalidade e abertura da Igreja aos estrangeiros, a divulgação do evangelho a todas as nações e povos, fundando inúmeras comunidades, a partir da sua bravura e disposição a serviço do Evangelho. Sua preocupação era, portanto, prática e pastoral, envolvido com os problemas e busca de soluções para os desafios da época, fundamentou-se na fé cristã, na Bíblia e inspirou-se em Jesus Cristo, transformando-se num teólogo.
A partir do contato com os primeiros grupos cristãos, escreveu muitas cartas para as comunidades cristãs, deixando, em seus escritos, transparecer as situações concretas e suas afirmações contidas nas cartas. Estas cartas contêm conteúdo doutrinal e pastoral importante e fazem parte do cânon do Novo Testamento, com temáticas atuais aos vários contextos dos dois mil anos de história do cristianismo.
Pode-se fotografar diversos retratos de Paulo. Tudo vai depender do método utilizado no momento que se quer interpretar seus textos. Às vezes, a depender do método, previlegiar-se-á um aspecto; Esse autor, apresenta-nos esses retratos da seguinte forma:
CONFORME A FONTE UTILIZADA:
1. O Paulo das cartas autênticas: as cartas proto-paulinas (1 Tessalonicenses, Gálatas, 1 e 2 Coríntios, Romanos, Filipenses e Filemon), isto é, um Paulo escritor e teólogo.
2. O Paulo do conjunto das cartas canônicas: catorze epístolas mais as deuteropaulinas (Efésios, Colossenses e talvez 2 Tessalonicenses), as cartas pastorais: 1 e 2 Timóteo e Tito e, finalmente, Hebreu constitui um escrito à parte.
3. O Paulo dos Atos dos Apóstolos: Lucas, médico e de cultura grega, apresenta um Paulo mais missionário, preocupado mais com a abertura do Evangelho à cultura helenista.
AS CARTAS
As epístolas de apostolo Paulo se subdividem em eclesiásticas, pastorais e algumas dessas cartas foram escritas a partir da sua prisão em Roma. São ao todo 13 Cartas e possivelmente mais a Carta aos Hebreus.
Seus conteúdos versão sobre:
a) Romanos – Compartilhar dons espirituais, conforto mútuo, dar frutos – Seu tema principal: A justiça de deus (1.17).
b) I Coríntios – Política partidária, Incesto, Relacionamento Conjugal, Carne Sacrificada aos Ídolos, Liderança Feminina, Ceia do Senhor, Dons Espirituais e a Ressurreição de Cristo.
c) II Coríntios – Realização apostólica, Defesa do Caráter, Autoridade no Ministério, O Principio Ético-Moral do Ministério, Defesa do Apostolado, Suficiência de Cristo e Apelo ao auto-exame.
d) Gálatas – Sua Comissão, As repreensões e denuncias, O Evangelho é de procedência divina e a Justificação pela fé.
e) Efésios – Santos e fiéis em Cristo, Graça e Paz da parte de Jesus, Benção espiritual, Regiões celestiais, Iluminados os olhos do coração, principados e potestades. Vida – Morte, potestades do ar.
f) Filipenses – Bispos e Diáconos, A vida do Cristão, Modelo do Cristão, Objeto da Fé, A força do Cristão.
g) Colossenses – A oração pelos cristãos, A Glória preeminente de Cristo, O Zelo para com a Igreja, A Vitória do Cristão.
h) I Tessalonicenses – Exortações a Luz das imperfeições na Igreja.
i) II Tessalonicenses - Exortações e Ações de Graças, um mandamento e oração.
As Pastorais
a) I Timóteo – A Ordem Eclesiástica – Falsas Doutrinas, Fábulas e Genealogias, Os falsos mestres.
b) II Timóteo – Apelos e Desafios, Os estímulos para coragem em Face do Sofrimento, Exortação a Lealdade à Palavra de Deus.
c) Tito – As qualificações e os deveres dos Anciãos, A Obra pastoral de um verdadeiro Ministro, Exortações a vida Piedosa.
d) Filemon – Pedido de recebimento de Onésimo como irmão, A aceitação quanto a responsabilidade da dívida de Onésimo, Seus planos.
e) Hebreus (?) – O temor ao Senhor, o Repouso de Deus, Prosseguir até a Perfeição, Correr a Boa carreira, Sacrificios de Louvor. O Sacrifício de Cristo é superior a de todos.
A PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO DE DISCIPULOS
Campanha para a evangelização na época de Jesus e dos Apóstolos
07/12/2006 - Odilom Pedro Scherer
Jesus e os apóstolos levavam vida muito simples mas, no anúncio do Evangelho, havia necessidades bem concretas: transporte, alimentação, hospedagem, locais de reunião... Jesus tinha amigos generosos e aceitou a ajuda de muita gente, que oferecia seu barco para atravessar o lago, casa para acolhê-los, hospedagem e alimentação. Lemos no Evangelho de São Lucas que algumas pessoas do grupo de Jesus e dos discípulos “os ajudavam com seus bens” (Lc 8,3). Jesus e os apóstolos tinham sua “caixa comum” e Judas era quem devia administrá-la ( Jo 13, 28-29); São João observa que ele era ladrão e roubava o que nela se depositava ( Jo 12, 4-6). Jesus envia os 72 discípulos em missão dizendo que “o trabalhador é digno do seu salário” (Lc 10,7).
A primeira comunidade cristã, em Jerusalém, viveu uma experiência extraordinária de partilha de bens, que até hoje faz sonhar com aquilo que seria possível, se a comunidade humana tivesse a coragem de viver a solidariedade e a fraternidade: “Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. (... ). Entre eles ninguém passava necessidades” (At 4, 32.34). Mais adiante, os Atos dos Apóstolos registram mais uma vez: “aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos. Depois era distribuído conforme a necessidade de cada um” (At 4,34). Foram momentos de grande entusiasmo e generosidade e isso atraía a atenção das outras pessoas (cf At 3,42-47; 4,32-37).
Não sabemos por quanto tempo durou esse ideal de vida comunitária e de partilha de bens. O fato é que o egoísmo e vários tipos de discriminação social não tardaram a se manifestar. Os “estrangeiros” queixaram-se que “suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário” (At 6,1). Então os apóstolos instituíram os diáconos para cuidarem da atenção aos pobres e excluídos da comunidade ( At 6,1-6).
Quando a comunidade de Jerusalém, por várias circunstâncias, começou a sofrer necessidades, Paulo organizou uma grande campanha de doações nas comunidades fundadas por ele ( Rm 15,26), a qual bem poderia ser chamada “a primeira campanha da fraternidade”, ou a primeira “campanha para a evangelização”. Ele mesmo deu instruções sobre a maneira de organizar a campanha e a quem confiar o fruto da coleta para que chegasse aos seus devidos destinatários ( 1Co 8 e 9).
Interessante é observar que Paulo manda fazer a coleta no domingo: “Todo primeiro dia da semana cada um separe livremente o que tenha conseguido economizar” (1Co 16,1-2). A recomendação revela que a coleta não era feita de maneira improvisada, nem significava pôr a mão no bolso de maneira irrefletida para “oferecer qualquer coisa”; devia ser um gesto bem consciente, realizado com aquilo que se punha “à parte” e se destinava para esse fim. Por outro lado, o fato de fazer a coleta “no primeiro dia da semana” aproximava-a da celebração da Eucaristia; o encontro da comunidade com o Senhor ressuscitado era também a ocasião da partilha fraterna.
Paulo não deixa de recomendar generosidade nas doações, fazendo alusão a passagens da Escritura: “É bom lembrar: Quem semeia pouco, também colherá pouco; e quem semeia com largueza, colherá com largueza (Pv 11,24). Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria (Pv 22,8). Deus é poderoso para cumular-vos de toda sorte de graças, para que em tudo tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para empregar em alguma boa obra” (2Co 9,6-9).
A partilha fraterna também deve ser sinal de gratidão a Deus e a quem realiza o serviço da evangelização: “Irmãos, pedimos que tenham consideração para com aqueles que se afadigam em dirigi-los no Senhor e admoestá-los” (1Ts 5,12). Quem anuncia o Evangelho comunica e partilha uma riqueza inestimável; por isso, o missionário torna-se também merecedor das atenções e da colaboração da parte de quem recebeu o Evangelho. “Aquele que recebe o ensinamento da Palavra torne quem ensina participante de todos os bens. Não vos iludais, de Deus não se zomba; o que alguém tiver semeado, é isso que vai colher. (...). Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, principalmente aos da família na fé” (Gl 6,6-10).
Paulo não faz referência apenas à partilha generosa dos bens materiais mas também recomenda a oração e todo o apoio ao evangelizador: “Irmãos, certamente vos lembrais dos nossos trabalhos e fadigas. Foi trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, que proclamamos entre vós o Evangelho de Deus” (1Ts 2,9). A oração é uma maneira de associar-se ao trabalho do evangelizador: “Rezem por nós, irmãos, a fim de que a Palavra de Deus se espalhe rapidamente e seja bem recebida, como acontece entre vós” (2Ts 3,1).
Estes poucos textos do Novo Testamento, portanto, mostram que a obra da evangelização e o trabalho da Igreja, desde o início, contaram com o apoio espiritual e material de todos os batizados. Motivados pela preciosidade da fé recebida e pela gratidão a Deus, todos os membros da Igreja são chamados a colaborar, de várias formas, para que o dom do Evangelho também chegue a outras pessoas. Pela Campanha para a Evangelização, a Igreja no Brasil pede aos batizados que apóiem o trabalho dos evangelizadores, a fim de que muitos, recebendo o dom da fé, nele se alegrem e encontrem a vida.
Tirado do boletim da CNBB “Notícias Dia-a-Dia” - Brasília, 23/11/06 - D.Odilo Pedro Scherer - Bispo Auxiliar de S.Paulo
POLÊMICA E APOLOGIA
O movimento cristão surgiu em um ambiente denominado por duas mentalidades antagônicas: O Judaísmo e o Helenismo. Por isso, desde muito cedo precisou encontrar seu espaço. Muitos textos foram escritos para promover e defender o Cristianismo nascente e são considerados “apologéticos”. Por meio deles podemos estabelecer quatro grupos de adversários contra os quais a Igreja primitiva precisou de defender:
a) Judaísmo – Mt 2.15; Mc 8.31; Lc 24.26-27; Gl 3.7-14.
b) Paganismo – At 17.16-34; ICo 1.18; I Jo 5.21; Ap 9.20
c) Império Romano – Lc 23.13-25; Rm 13.1-7; I Pe 2.13-17
d) Outras Formas de Cristianismo – Gl 2.15-21; I Tm 1.6-7, Tt 1.10-12;
I Jo 4.2 – 5.6-8.
Não podemos nos enganar, pensando que essas categorias se excluem mutuamente. Em alguns casos, os argumentos visam simultaneamente a mais de uma desses grupos. Devemos ainda lembrar que os argumentos apologéticos encontrados no NT antecipam a apologética cristã do II século.
CRITICA DA TRADIÇÃO
O problema da Terminologia
Crítica (ou história) da Tradição, das tradições ou dos Motivos Literários? Eis outras questões para os exegetas a cerca das distinções, definições e objetivos. Para alguns diferenciar História/crítica da Tradição é um problema.
Os estudos dos substratos culturais de um texto é denominado de Critica ou História da Tradição. Trata-se de um trabalho que de certa forma é paralelo ao da Crítica dos Gêneros Literários mas com a particularidade de retroceder e incluir também elementos pré-codificados (expressões, imagens, temas e motivos). Os elementos provenientes da tradição podem ser modificados na fase da redação. Sim o redator poderá modificá-lo conforme sua linha Teológica.
O MATERIAL TRADICIONAL
Podemos entender que “Material Tradicional” esta ligado a tradição cultural ou literária que se torna de domínio comum e convencional e que gera vários episódios ou reflexões.
TEMA E TESE
Esses dois temas devem ser tratados conjuntamente a fim de que os distingamos claramente. Ambos são conceitos abstratos (idéias, pensamentos e doutrinas) propostos em dado texto seja ele narrativo, poético ou argumentativo e que exercem o poder de unificação dos elementos distintos e descontínuos. No entanto, enquanto o tema não oferece respostas, mas levanta questões; a tese sugere respostas em vez de problematizar. Em outras palavras, o tema exige do leitor reflexão, a tese pede para ser aceita. No entanto, ambos, tema e tese aparecem sempre juntos:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da história eclesiástica pode o atento estudioso de Teologia observar as inúmeras controvérsias que surgiram no que se referia ao entendimento de alguns textos bíblicos.
Questões foram levantadas a luz os literatos cristãos. A natureza do Cristo, a Cadeira de Pedro, a Salvação perdida ou não, a Justificação, Santificação e Livre-arbítrio. Temas apaixonantes que movimentou a igreja. Homens como Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino e outros tantos examinaram os textos bíblicos minuciosamente, mas como o próprio John Calvino ao final afirmou ao final de sua vida: “- Hoje não tenho certeza de nada a não ser que Jesus que é o detentor da única verdade.”
Tantas foram às discussões, os concílios, as bulas papais. Entendimento em poucos casos; controvérsias em demasio, mas o certo é que ainda nos dias atuais por termos recebidos uma herança contraditória, ainda discutimos sobre a “Espinha na carne” de Paulo, do falar línguas estranhas como principal característica do “Batismo” do Espírito Santo e outros assuntos que a luz da exegese comprometida com a singularidade e verdade da presciência de Deus nos faz confrontar com ávidos aventureiros que fazem a digreção do sentido amplo do amor revelado por Cristo.
Quanto a nós símplices, invoquemos o Espírito Santo para que possamos entender qual a Santa e desejável vocação de Deus para a nossa vida até que cheguemos a estatura de varão perfeito antes aos olhos do mundo e do Criador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
Básica
1. SILVA, Cássio Murilo Dias da Silva. Metodologia de Exegese Bíblica, São Paulo, Paulinas, 2003.
2. FABRIS, Rinaldo. Problemas e perspectivas das ciências Bíblicas. São Paulo: Loyola, 1993.
3. BARRERA, J. Trebolle. A bíblia judaica e a Bíblia Cristã: Introdução á história da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1999.
Complementar
1. MESTERS, C. Por trás das palavras. Uma porta de entrada para o estuda da Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1995.
2. GRIFRE, Claude. Crer e Interpretar. A virada hermenêutica da Teologia. Petrópolis; Vozes, 2004.
3. FARIA, J. de Freitas. História de Israel e as pesquisas mais recentes. Petrópolis: Vozes, 2003.
4. DONNER Harold. A história de Israel, Vol. I e II São Leopoldo: Sinodal, 2003.
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